Por Alexandra Ulmer e Diego Oré
CARACAS (Reuters) - O líder opositor venezuelano e duas vezes candidato a presidente Henrique Capriles disse nesta sexta-feira que foi proibido de exercer qualquer cargo público por 15 anos em meio ao que críticos afirmam ser uma repressão do governo à dissidência.
Nos últimos dias as autoridades acusaram Capriles de fomentar a violência e o derramamento de sangue liderando protestos contra o impopular presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
A proibição impediria Capriles de concorrer à Presidência novamente nas eleições atualmente agendadas para o final de 2018.
"URGENTE: informo o país e a opinião pública internacional que estou sendo notificado neste exato momento de uma PROIBIÇÃO de 15 anos", tuitou Capriles, que atualmente é governador do Estado central costeiro de Miranda.
As autoridades não comentaram de imediato.
A decisão relativa a Capriles provavelmente irá atiçar as tensões no país, onde mais de 100 prisioneiros políticos estão detidos, de acordo com grupos da oposição e de direitos humanos.
Outro líder opositor, Leopoldo López, o prisioneiro mais conhecido da Venezuela, também foi impedido de ocupar cargos públicos em 2008, quando era um prefeito popular de um distrito de Caracas.
Acreditava-se que López iria concorrer contra o falecido presidente Hugo Chávez na eleição presidencial de 2012, mas ele passou o bastão a Capriles, que perdeu aquela votação e outra para Maduro em 2013, após a morte de Chávez.
O governo Maduro tem dito que uma elite empresarial apoiada pelos Estados Unidos é responsável pela decadência econômica da nação e que tenta incitar um golpe para impor um governo de direita.
"Senhor Capriles, você está tentando inflamar o país", disse Freddy Bernal, do governista Partido Socialista Unido da Venezuela, durante um evento governamental na quinta-feira.
"Você está procurando mortes. Depois não venha dizendo que é um prisioneiro político. Não venha chorando depois porque está sendo perseguido."
Milhares de opositores de Maduro foram às ruas na quinta-feira para protestar contra uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que se inclina a favor do governo socialista e assumiu o controle do Congresso de maioria opositora, o que os manifestantes disseram ser um mais um passo rumo à ditadura.
Embora a medida amplamente rejeitada tenha sido revertida rapidamente, a oposição intensificou as manifestações de rua contra Maduro, ainda que tais protestos tenham obtido pouco no passado.
(Reportagem adicional de Eyanir Chinea)