Por Michael O'Boyle
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Três autoridades de alto escalão da oposição do México, incluindo um líder partidário, foram alvo de programas de espionagem vendidos a governos para combater criminosos e terroristas, de acordo com um relatório de pesquisadores da Universidade de Toronto.
Os políticos, entre eles o chefe do conservador Partido da Ação Nacional (PAN), Ricardo Anaya, receberam mensagens de texto conectadas a um software conhecido como Pegasus, que a empresa israelense NSO Group só vende a governos, disse o relatório do Citizen Lab.
O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, pediu que a Procuradoria-Geral investigue as acusações de que o governo espionou cidadãos comuns, dizendo querer chegar à raiz das alegações, que chamou de "falsas".
Na semana passada, o Citizen Lab, um grupo de pesquisadores da Escola Munk da Universidade de Toronto identificou 12 ativistas, advogados de direitos humanos e jornalistas que também relataram tentativas de infectar seus telefones com o poderoso software de espionagem.
John Scott-Railton, integrante de um grupo de pesquisadores do Citizen Lab que passou cinco anos rastreando o uso do programa de espionagem por parte de governos contra cidadãos, disse que o caso do México é notável pelo número de alvos e pela intensidade dos esforços.
"O que nós fornecemos, em nosso relatório anterior, são evidências circunstanciais fortes que implicam o governo do México", disse.
Anaya, o senador Roberto Gil Zuarth, do PAN, e Fernando Rodriguez, secretário de comunicações do partido, receberam mensagens infectadas em junho de 2016, quando parlamentares debatiam uma legislação anticorrupção, informou o relatório.
O governo espionar, invadindo a privacidade das pessoas nesta magnitude, é absolutamente inaceitável ", disse Anaya em um comunicado. "Não vamos descansar até que os responsáveis renunciem, sejam processados e presos."