Por Tom Perry
BEIRUTE (Reuters) - Um representante da oposição descartou, nesta sexta-feira, até mesmo conversas indiretas de paz com o governo sírio enquanto não forem suspensos os ataques aéreos russos e retirados os bloqueios do governo em determindas áreas.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, insistiu que as conversas de paz devem continuar em Genebra na próxima semana, mas que não seriam frente a frente. O governo sírio, que é apoiado pela Rússia, disse que está pronto a participar.
Mas George Sabra, vice-chefe da delegação da oposição, disse que ainda não foram removidos alguns obstáculos considerados pela oposição. "Deve haver uma interrupção no bombardeio contra civis por aviões russos, e os cercos a áreas bloqueadas devem ser retirados", disse Sabra por telefone.
"O formato das conversas não nos preocupa, mas as condições devem ser apropriadas para as negociações", disse Sabra à Reuters. Perguntado se isso significa que a oposição não deve comparecer às conversas indiretas mencionadas por Kerry, ele disse "sim".
Riad Hijab, que preside o conselho de oposição, deve debater os esforços diplomáticos com Kerry, no sábado, e "todas as questões serão postas sobre a mesa claramente", disse Sabra.
As negociações também foram colocadas em xeque devido a desentendimentos sobre quem deveria representar a oposição. A Rússia quer que a delegação de oposição englobe também outros grupos, como as facções curdas que controlam amplas áreas do nordeste sírio.
O conselho de oposição do qual Sabra faz parte, o Comitê de Alta Negociação, foi formado na Arábia Saudita no mês passado, e agrupa oponentes políticos e armados do presidente sírio, Bashar al-Assad, incluindo as principais facções rebeldes que combatem contra Damasco no oeste da Síria.