Por John Davison e John Irish
BEIRUTE/GENEBRA (Reuters) - Uma importante liderança do principal grupo de oposição da Síria afirmou nesta segunda-feira que a frágil iniciativa internacional para suspender quase cinco anos de combates corria o risco de entrar em colapso total por causa de ataques das forças do governo.
A interrupção de hostilidades planejada por Washington e Moscou enfrentava a possibilidade de “anulação completa” porque ataques do governo sírio violavam o acordo, disse o representante do opositor Comitê de Altas Negociações, que tem apoio dos sauditas.
A França afirmou que havia relatos de ataques contra forças de oposição, violando o acordo que entrou em vigor no sábado, e países que dão apoio ao processo de paz se reuniram para tentar esclarecer a situação.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou que a pausa no conflito estava no geral se sustentando, apesar de alguns incidentes que ele esperava que fossem contidos. O Kremlin disse que o processo está em andamento, embora tivesse sido sempre claro que ele não seria fácil.
Em Washington, a Casa Branca afirmou que os Estados Unidos permaneciam comprometidos com a implementação da interrupção das hostilidades, apesar dos relatos de violações durante o fim de semana.
O Observatório Sírio para os Direito Humanos, organização com base no Reino Unido, disse que a suspensão estava no geral ocorrendo, com o número de vítimas se reduzindo bastante em relação ao registrado antes do acordo entrar em vigor.
No entanto, as forças sírias fizeram alguns ganhos. O Observatório relatou que elas haviam tomado território perto de Damasco na segunda-feira, depois de combates com a Frente Nusra, ligada à al Qaeda, e outros rebeldes islâmicos.
As forças do governo da Síria também retomaram o controle de uma rodovia para a cidade de Aleppo, no norte do país, realizando avanços contra combatentes do Estado Islâmico.
O acordo para a interrupção das hostilidades, o primeiro do tipo desde que a guerra começou em 2011, é um pacto menos formal que um cessar-fogo. O plano é que ele permita a retomada das negociações de paz e o envio de ajuda para comunidades cercadas.