Por William James
LONDRES (Reuters) - O principal grupo negociador da oposição síria rejeitaria qualquer acordo firmado pela Rússia e pelos Estados Unidos sobre o destino da Síria que seja muito diferente da sua própria proposta de plano de transição, afirmou Riyad Hijab, coordenador-geral do grupo, nesta quarta-feira.
O Alto Comitê de Negociações, que tem o apoio da Arábia Saudita e de potências ocidentais e tem participado das paralisadas negociações de paz mediadas pelas Nações Unidas, apresentou o seu roteiro para um novo acordo político na Síria numa reunião em Londres.
O processo proposto começaria com seis meses de negociações para montar uma administração transitória composta por figuras da oposição, do governo e da sociedade civil. Isso iria exigir que o presidente Bashar al-Assad deixasse o posto ao final desses seis meses.
O órgão de transição comandaria então o país por 18 meses, depois dos quais haveria eleições.
"Se o que os russos e os norte-americanos acordarem é muito diferente do que os sírios desejam, então nós não aceitaremos”, declarou Hijab.
"Não é uma questão de manter Assad por seis meses, por um mês ou um dia, durante o período de transição. Os russos e os norte-americanos sabem disso. Eles conhecem a posição do povo sírio, eles têm sacrificado muito, e eles não vão desistir dessa exigência.”
O ministro do Exterior do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que as propostas do grupo ofereceram o primeiro retrato crível de uma Síria em paz sem Assad.
Moscou e Washington dão apoio a lados opostos no conflito de cinco anos e meio na Síria, com os russos lutando com Assad, enquanto os norte-americanos apoiam grupos de oposição e insistem que Assad deve deixar o poder.
As duas potências têm negociado nos últimos dias, com os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin se reunindo por 90 minutos na segunda-feira, durante o encontro do G20 na China, mas sem chegar a um acordo.
Falando depois de conversas com líderes do grupo Amigos da Síria em Londres, Salem Al Meslet, porta-voz do Alto Comitê de Negociações, disse que o plano havia sido bem recebido, mas que cabia aos EUA e à Rússia chegar a um acordo que pudesse fazer a situação avançar.
"Nós tememos que eles cheguem a um acordo que na verdade não ajude os sírios porque, com Obama tendo somente mais alguns meses, ele poderia apenas assinar qualquer acordo para conseguir algo antes de deixar a Casa Branca”, disse ele a jornalistas.
“Eu tenho medo que a Rússia possa se aproveitar disso.”