CARACAS (Reuters) - A oposição venezuelana questionou neste sábado a legalidade de um novo decreto de estado de exceção assinado pelo presidente Nicolás Maduro e anunciou novos protestos nas ruas para reivindicar um referendo revogatório que o tire do poder ainda este ano, em meio a uma severa crise econômica.
O presidente da Venezuela assinou na noite de sexta-feira uma extensão e ampliação de um decreto de estado de exceção e emergência econômica que, segundo disse, utilizará para derrotar um golpe de Estado e uma guerra econômica que estão em marcha contra seu governo.
Líderes opositores, que se concentraram no sábado no leste de Caracas para reivindicar a ativação de uma consulta popular que poderia decidir neste ano se Maduro termina ou não antecipadamente seu mandato, acreditam que o mais recente decreto pode piorar a crise política no país.
"Estamos falando de um presidente desesperado que se coloca à margem da legalidade", afirmou o porta-voz da aliança opositora, Jesús Chuo Torrealba.
Maduro não deu detalhes das medidas que ditará sob o estado de exceção, mas disse que se trata de um decreto "mais completo" que aquele que ele assinou no começo do ano, e o Supremo Tribunal de Justiça declarou vigente, embora o parlamento, de maioria opositora, tenha rechaçado a medida.
Os venezuelanos vivem há quase dois anos sob recessão econômica, altos preços e uma crescente escassez de alimentos e remédios, que golpearam a popularidade do presidente Maduro e deram argumentos para a oposição buscar um referendo que permita revogar seu mandato.
"O referendo revogatório não será ano que vem", afirmou o líder da oposição Henrique Capriles, diante dos seguidores que convocou para uma nova marcha, na próxima terça-feira, às sedes do CNE, depois que autoridades policiais não permitiram essa mesma rota de mobilização essa semana.
"Estamos em maio. Como vão dizer que não podem fazer eleições este ano, se quando morreu Chávez, em 30 dias, correram para fazer eleições?", comentou.
Se o revogatório presidencial não for realizado em 2016, a Constituição venezuelana estabelece que, no caso de o mandato ser revogado, seria o vice-presidente quem concluiria o mandato de Maduro, e não seriam realizadas novas eleições no país sul-americano.
"Haverá um estouro social se não deixarem que se faça o referendo revogatório", comentou Marisol Dos Santos, uma mãe e trabalhadora de supermercado, que protestava no sábado, em Caracas. "Estamos cansados da delinquência, da fome. Isso é insuportável".
(Por Alexandra Ulmer)