BERLIM (Reuters) - A Otan assumiu a coordenação do auxílio militar ocidental dos Estados Unidos à Ucrânia, conforme planejado, disse uma fonte nesta terça-feira, em um movimento amplamente visto como uma tentativa de proteger o mecanismo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cético em relação à aliança.
A medida, que chega após um atraso de vários meses, dá à Otan um papel mais direto na guerra contra a invasão russa, mas não chega a mobilizar suas próprias forças.
Os diplomatas, no entanto, reconhecem que a transferência da coordenação para a Otan pode ter um efeito limitado, uma vez que os EUA, sob o comando de Trump, ainda podem causar um grande revés para a Ucrânia ao reduzir seu apoio, já que são a potência dominante da aliança e fornecem a maioria das armas para Kiev.
Trump, que assumirá o cargo em janeiro, já externou sua intenção de acabar com a guerra na Ucrânia rapidamente, mas não detalhou como pretende fazer isso. Ele já vinha criticando a escala da ajuda financeira e militar dos EUA à Ucrânia.
A sede da nova missão da Otan na Ucrânia, chamada de Assistência e Treinamento de Segurança da Otan para a Ucrânia (NSATU), está localizada em Clay Barracks, uma base dos EUA na cidade alemã de Wiesbaden.
Uma pessoa com conhecimento do assunto disse à Reuters que a missão já está totalmente operacional. Nenhum motivo público foi apresentado para os atrasos.
No passado, o grupo Ramstein, liderado pelos EUA, uma coalizão ad hoc de cerca de 50 nações que recebeu o nome de uma base aérea dos EUA na Alemanha, onde se reuniu pela primeira vez, coordenou os suprimentos militares ocidentais para Kiev.
O ministro da defesa polonês, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, disse na semana passada em uma entrevista à Reuters que, após a cúpula da Otan em Washington, a aliança assumiu a responsabilidade pelo centro em Jasionka, na Polônia -- principal centro de trânsito de ajuda externa para a Ucrânia -- em uma maior medida.
"A aliança decidiu que irá protegê-lo em um grau maior; estará mais envolvida", disse Kosiniak-Kamysz. Ele acrescentou que, quando a aliança assume a responsabilidade, ela também designa países para cuidar de sua proteção.
Em novembro, a Alemanha ofereceu a redistribuição de seus sistemas de defesa aérea Patriot para proteger o centro na Polônia.
Enquanto isso, o governo Biden, que está deixando o cargo em Washington, se esforça para enviar o maior número possível de armas para Kiev, em meio a temores de que Trump possa cortar as entregas de equipamentos militares para a Ucrânia.
Trump ameaçou deixar a Otan durante seu primeiro mandato como presidente e exigiu que os aliados gastassem 3% do PIB nacional em suas forças armadas, em comparação com a meta da Otan de 2%.
A NSATU deverá ter uma força total de cerca de 700 pessoas, incluindo tropas posicionadas no quartel-general militar da Otan, Shape, na Bélgica, e em centros de logística na Polônia e na Romênia.
A Rússia condenou o aumento da ajuda militar ocidental à Ucrânia, dizendo que representava o risco de haver uma guerra de maior escala.
(Reportagem de Sabine Siebold; reportagem adicional de Barbara Erling)