Por Amanda Ferguson
BELFAST (Reuters) - Os arquitetos do acordo de paz de 1998 da Irlanda do Norte fizeram um apelo para que líderes da região nesta segunda-feira encontrem coragem para quebrar um profundo impasse político, ao mesmo tempo em que o ex-primeiro-ministro irlandês Bertie Ahern alertou que a alternativa não vale a pena ser considerada.
O 25º aniversário do Acordo da Sexta-Feira Santa, que encerrou em grande parte os 30 anos de conflito sectário no qual 3.600 pessoas morreram, foi ofuscado pelo colapso, há um ano, do governo de compartilhamento de poder em uma disputa sobre acordos comerciais pós-Brexit.
Em uma conferência na Queen's University de Belfast, o ex-senador norte-americano George Mitchell, que presidiu as negociações de 1998 entre nacionalistas irlandeses, que buscavam uma Irlanda unida, e sindicalistas pró-Reino Unido, disse que a paz está em jogo.
"Agora, como era então, os atuais e futuros líderes da Irlanda do Norte devem agir com coragem e visão, como seus predecessores fizeram 25 anos atrás... para preservar a paz", disse Mitchell em pronunciamento aplaudido de pé por um longo momento.
Mitchell, de 89 anos de idade, não fala em um grande evento público há três anos devido ao tratamento de leucemia.
Dirigindo-se aos líderes atuais, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse: "Você sabe no fundo do seu coração qual é a coisa certa a fazer e deve simplesmente seguir em frente e fazê-lo."
Como o presidente dos EUA, Joe Biden, que trouxe uma mensagem semelhante a Belfast na semana passada, a maioria dos palestrantes teve o cuidado de não criticar o Partido Unionista Democrático (DUP), que está boicotando a assembléia local.
Ahern, por sua vez, apelou diretamente ao DUP para que aja, acrescentando que "o povo da Irlanda do Norte precisa deles".
"Não queremos nem pensar" nas alternativas, disse Ahern.
(Reportagem adicional de Padraic Halpin e Conor Humphries)