Por Ali Sawafta
JENIN, Cisjordânia (Reuters) - Militantes palestinos circularam por Jenin nesta quarta-feira e multidões enfurecidas confrontaram representantes de alto escalão da Autoridade Palestina, acusando-os de fraqueza, após uma das maiores operações militares israelenses na Cisjordânia ocupada em anos.
A operação de dois dias, que os militares israelenses disseram ter como alvo infraestrutura e depósitos de armas de facções militantes no campo de refugiados de Jenin, deixou um rastro de ruas destruídas e carros queimados e provocou fúria em todo o mundo árabe.
Pelo menos 12 palestinos foram mortos e cerca de 100 ficaram feridos em uma incursão que começou com ataques de drones tarde da noite, seguidos por uma varredura envolvendo mais de 1.000 soldados israelenses.
Um soldado israelense também foi morto durante a operação.
"Ficamos dentro de casa, mas eles cortaram a eletricidade e a água", disse Mohammad Mansour, um morador do acampamento onde tratores blindados demoliram ruas para expor bombas de beira de estrada, cortando cabos de energia e canos de água. "Acabamos ficando sem pão e sem suprimentos, estávamos com fome, nunca passei por dias assim."
Em um funeral para 10 dos mortos, três líderes seniores da Autoridade Palestina - o órgão que exerce a governança formal sobre partes da Cisjordânia - foram forçados a sair depois de serem confrontados por uma multidão de milhares, incluindo dezenas de homens armados, gritando "Saiam! Saiam!"
Após a retirada da força israelense na noite de terça-feira, os líderes da Jihad Islâmica, apoiada pelo Irã, e outras facções armadas reivindicaram a vitória, e o clima entre os moradores que voltavam para casa no campo parecia desafiador.
"Eles não conseguiram o que queriam, graças a Deus. Os jovens estão bem, as famílias estão bem e o acampamento está bem", disse Mutasem Estatia, pai de seis filhos, à Reuters.
"Existem 12 mártires e estamos orgulhosos deles, mas prevíamos mais danos devido à escala do ataque."
As forças israelenses detiveram 150 supostos militantes, apreenderam esconderijos de armas e minas de beira de estrada - incluindo um arsenal sob uma mesquita - e destruíram um centro de comando, disse o Exército, acrescentando que todos os palestinos mortos eram combatentes armados. A Jihad Islâmica e o Hamas reivindicaram oito dos mortos como seus membros.