Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - Restos carbonizados de um pão sírio assado há cerca de 14.500 anos em um fogão de pedra em um local no nordeste da Jordânia deram a pesquisadores uma deliciosa surpresa: os humanos começaram a fazer pão, um alimento essencial, milênios antes de desenvolver a agricultura.
Independentemente de como você a fatie, a descoberta detalhada nesta segunda-feira mostra que caçadores-coletores no leste do Mediterrâneo atingiram o marco cultural de fazer pão bem antes do que se imaginava, mais de 4 mil anos antes do início do cultivo de plantas.
O pão sírio descoberto foi feito à base de cereais selvagens, como cevada, trigo selvagem ou aveia, além de um tubérculo de um papiro aquático, que havia sido moído.
O alimento foi feito por membros de uma cultura chamada natufiana, que começou a abraçar um estilo sedentário, em vez de nômade, e foi encontrada em um sítio arqueológico no Deserto Negro.
"A presença de pão em um sítio desta idade é excepcional", disse Amaia Arranz-Otaegui, pesquisadora de pós-doutorado em arqueobotânica da Universidade de Copenhague e principal autora do estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences.
Arranz-Otaegui disse que até agora as origens do pão eram associadas às primeiras sociedades agrícolas que cultivavam cereais e legumes. A evidência anterior mais antiga de pão vinha de um sítio de 9.100 anos na Turquia.
"Agora temos que avaliar se há uma relação entre a produção de pão e as origens da agricultura", disse a pesquisadora. "É possível que o pão tenha dado incentivo para as pessoas cultivarem plantas e para a agricultura."