Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco realizou sua audiência geral semanal com público pela primeira vez em seis meses nesta quarta-feira, sorrindo e conversando ao se ver livre das limitações do isolamento do coronavírus.
A audiência, na qual o papa anunciou um dia de prece e jejum pelo Líbano, foi realizada no pátio San Damaso do Palácio Apostólico do Vaticano e proporcionou o contato público em que o pontífice se sente à vontade.
Os visitantes passaram por medições de temperatura ao entrar no Vaticano, e quase todos da plateia de cerca de 500 pessoas – incluindo a Guarda Suíça em uniforme de cerimonial – usavam máscaras. O público se sentou em cadeiras arranjadas de forma a garantir o distanciamento social.
"Após tantos meses, retomamos nossos encontros cara a cara, e não tela com tela, cara a cara, e isto é lindo", disse ele, ao som de aplausos, no início da audiência.
Francisco estava visivelmente satisfeito ao caminhar diante de convidados que se aglomeraram atrás de barreiras, parando frequentemente para conversar com eles a uma distância de um ou dois metros.
O papa havia realizado uma audiência com público pela última vez em março. Depois disso, a pandemia de coronavírus o forçou a realizar audiências virtuais transmitidas da biblioteca papal oficial na televisão ou na internet, uma experiência que ele comparou com ser "enjaulado".
Ele abençoou crianças à distância ao passar a caminho de um estrado para fazer seu pronunciamento.
Francisco pareceu extrair energia da plateia, embora ela tenha ficado muito aquém das dezenas de milhares de pessoas comportadas pela Praça São Pedro, onde as audiências ao ar livre costumam acontecer.
O pontífice beijou uma bandeira do Líbano entregue a ele pelo padre libanês Georges Breidi e inclinou a cabeça para fazer uma prece silenciosa pelo país, ainda sofrendo com a explosão portuária mortal do mês passado e com o acirramento das tensões sectárias.
No final da audiência, ele convidou o padre a vir adiante para erguer a bandeira enquanto fazia um apelo pela paz e pelo diálogo no Líbano.
O papa anunciou que o dia 4 de setembro será um dia de prece e jejum pelo Líbano e que está enviando seu secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin --o número dois da hierarquia do Vaticano-- a Beirute no dia em questão para representá-lo, convidando membros de outras religiões a participarem.
"O Líbano não pode ficar entregue a si mesmo", disse Francisco, pedindo que políticos e líderes religiosos se comprometam, com "sinceridade e transparência", a reconstruir o país e que nações ajudem "sem se envolver em tensões regionais".