Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco aprovou nesta quarta-feira um tribunal inédito no Vaticano para julgar bispos acusados de acobertar ou não impedir abuso sexual de menores, mas um grupo de vítimas considerou a medida insuficiente e tardia.
Em um comunicado, o Vaticano informou que o tribunal será subordinado à Congregação para a Doutrina da Fé, braço doutrinário do Vaticano, "para julgar bispos com relação a crimes de abuso de cargo quando relacionado ao abuso de menores".
Grupos de vítimas há anos cobram do Vaticano o estabelecimento de procedimentos claros para responsabilizar os bispos por abusos ocorridos em suas dioceses, mesmo quando não estão diretamente envolvidos.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse a repórteres que os bispos também poderão ser julgados se falharem em adotar medidas para impedir o abuso de menores.
As denúncias contra os bispos inicialmente seriam investigadas por um dos três departamentos do Vaticano, dependendo da jurisdição do bispo, antes de ser levada a julgamento pelo tribunal doutrinário.
O grupo sediado nos EUA Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres (Snap, na sigla em inglês) disse que o papa deveria ter ido além. "(O papa) poderia ter demitido dezenas de bispos cúmplices. Ele, no entanto, não demitiu ninguém", disse o Snap em comunicado.
O Vaticano disse que o papa aprovou propostas apresentadas a ele por uma comissão encarregada de aconselhá-lo sobre como acabar com os abusos na Igreja.