Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - O papa Francisco disse aos católicos nesta quarta-feira que sucesso, poder e posses materiais são fugazes e desaparecerão "como poeira ao vento" ao iniciar o período de penitência cristã da Quaresma.
Francisco liderou uma procissão tradicional entre duas igrejas na colina do Aventino de Roma e mais tarde rezou uma missa durante a qual um cardeal esfregou cinzas em sua cabeça, um rito concebido para lembrar as pessoas de sua mortalidade.
"A pequena marca de cinza que receberemos é um lembrete sutil, mas verdadeiro, que das muitas coisas ocupando nossos pensamentos, que buscamos e que nos preocupam todos os dias, nada restará", disse ele na homilia.
"Não importa o quão duro trabalhemos, não levaremos nenhum riqueza desta vida conosco. As realidades terrenas se desvanecem como poeira ao vento", disse. "Posses são temporárias, o poder passa, o sucesso mingua."
Durante a Quaresma, que termina no Domingo de Páscoa – dia 21 de abril neste ano –, os cristãos são recebem apelos para dar esmolas, orar e jejuar.
No domingo, o papa e a maioria das autoridades do Vaticano viajarão a uma cidade ao sul de Roma para participarem de um retiro espiritual quaresmal de uma semana.
O retiro ocorrerá em um momento no qual a Igreja enfrenta críticas de vítimas de abusos sexuais do clero que dizem que uma conferência de alto nível realizada no Vaticano no mês passado não rendeu medidas concretas para lidar com a questão.
A Igreja também está abalada pela condenação do cardeal George Pell na Austrália em resultado de acusações de abuso sexual.
Na homilia desta quarta-feira, Francisco disse que as pessoas deveriam se concentrar nas necessidades dos outros e praticar "a caridade que nos liberta da vaidade de adquirir e de pensar que as coisas só são boas se foram boas para mim".
"A aparência exterior, o dinheiro, uma carreira ou passatempo: se vivermos para eles, eles se tornarão ídolos que nos escravizam, sereias que nos seduzem e depois nos deixam à deriva", disse o papa.
"Precisamos nos libertar das garras do consumismo e das armadilhas do egoísmo, de sempre querermos mais, de nunca estarmos satisfeitos e de um coração fechado às necessidades dos pobres."