Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco fará a primeira visita de um pontífice ao Iraque, em março do ano que vem, anunciou o Vaticano nesta segunda-feira, no que será uma arriscada viagem de quatro dias que seus antecessores não conseguiram realizar.
O porta-voz Matteo Bruni disse que Francisco, que faz 84 anos na semana que vem, visitará a capital Bagdá e também Ur, cidade ligada a Abraão, uma figura do Antigo Testamento, assim como Erbil, Mosul e Qaraqosh, na planície de Nínive.
A viagem, a convite do governo iraquiano e da Igreja Católica local, está planejada para 5 a 8 de março, disse Bruni.
"A programação da jornada será feita no devido momento, e levará em consideração a evolução da emergência mundial de saúde", informou ele em um comunicado.
Será a primeira viagem do papa ao exterior desde novembro de 2019, uma vez que as viagens deste ano foram canceladas por causa da pandemia de Covid-19.
Uma fonte do Vaticano disse que um dos objetivos da viagem é confortar os cristãos que, em meio a guerras e conflitos, foram forçados a fugir do Iraque e de outros países do Oriente Médio.
O presidente iraquiano, Barham Salih, escreveu no Twitter que a visita "será uma mensagem de paz a iraquianos de todas as religiões e servirá para afirmar nossos valores comuns de justiça e dignidade".
O Iraque abriga muitas denominações orientais diferentes, tanto católicas quanto ortodoxas.
A pequena população cristã iraquiana de várias centenas de milhares sofreu adversidades em particular quando militantes do Estado Islâmico controlaram grandes partes do país entre 2014 e 2017. A maioria dos cristãos recuperou a liberdade de culto, especialmente em áreas do norte do Iraque, desde que estes jihadistas foram repelidos.
Mas muitos temem que novos tumultos no Iraque os atingiriam duramente por serem uma minoria e ainda pensam em migrar.
Em junho de 2019, Francisco disse a membros de instituições de caridade que ajudam os cristãos do Oriente Médio que, sempre que contempla os problemas da região, tem o "pensamento constante" de visitar o Iraque.
Ele esperava fazer a viagem neste ano, mas seus planos foram frustrados por preocupações de segurança e depois pela pandemia.
Em 2000, o falecido papa João Paulo 2º quis visitar Ur, que a tradição considera o berço de Abraão, o pai das três religiões monoteístas: cristianismo, islamismo e judaísmo.
(Reportagem adicional de John Davidson, em Bagdá)