Por Philip Pullella e Andrius Sytas
CIDADE DO VATICANO/VILNIUS (Reuters) - O papa Francisco levará uma mensagem de solidariedade aos países bálticos durante uma visita que começa no sábado, quase 30 anos após estas nações romperem com a União Soviética e no momento em que contemplam com receio uma Rússia cada vez mais assertiva.
A visita de quatro dias é a primeira de um papa a Lituânia, Letônia e Estônia desde 1993. Um quarto de século mais tarde, os países são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da zona do euro.
Mas o passado ainda se faz sentir em uma região que foi vítima alternadamente da opressão soviética e nazista, e na qual a perseguição religiosa deixou um legado traumático.
Na Lituânia, onde inicia seu giro, Francisco visitará o Museu de Ocupações e Lutas pela Liberdade de Vilnius, uma ex-prisão da KGB soviética onde centenas de pessoas foram assassinadas e milhares, inclusive muitos padres, foram encaminhados para a Sibéria.
"Ao visitar a prisão da KGB, o papa Francisco envia a mensagem de que se importa com as pessoas que sofreram por sua fé, por sua devoção à pátria-mãe", disse o bispo Sigitas Tamkevicius, de 79 anos, que foi preso no local em 1983 e mais tarde passou seis anos em campos de trabalhos forçados soviéticos.
"Este foi o Calvário de nossa nação, um teste de nossa fé", afirmou Tamkevicius, que acompanhará o papa à prisão, à Reuters.
A região também tem as cicatrizes interreligiosas deixadas pelo assassinato de mais de 200 mil judeus por parte dos nazistas com a ajuda de alguns locais. O papa rezará em um monumento às vítimas do gueto de Vilnius, onde só algumas centenas das cerca de 40 mil pessoas sobreviveram ao Holocausto.