Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Um bispo nigeriano que o papa Francisco defendeu com vigor renunciou após um impasse às vezes violento de cinco anos com padres e fiéis descontentes que o rejeitaram por sua etnia, comunicou o Vaticano nesta segunda-feira.
O caso do Vaticano contra o povo da diocese de Ahiara, no sudoeste da Nigéria, havia se tornado uma medição de forças rara que testou o poder da autoridade papal e pode criar um precedente para futuras nomeações.
Um comunicado do Vaticano relatou que o papa aceitou a renúncia de Peter Ebere Okpaleke como bispo da diocese de Ahiara, dizendo que a posição foi declarada vaga e que um administrador papal a comandará por ora.
Muitos padres e fiéis se recusavam a jurar lealdade a Okpaleke por ele não ser de Mbaise, uma área de forte presença católica no sudoeste nigeriano formada por um amálgama de clãs nativos conectados pelo casamento.
Okpaleke havia sido nomeado bispo pelo então papa Bento 16 em 2012, mas os protestos jamais permitiram que ele assumisse a diocese. Sua cerimônia de posse ocorreu em outra área do país porque as portas da catedral de Ahiara foram trancadas para impedir sua entrada.
A situação chegou ao auge em junho, quando Francisco exigiu que todos os padres da diocese lhe escrevessem uma carta dentro de 30 dias jurando obediência e aceitando Okpaleke como seu bispo por ele ter sido indicado por um papa.
Aqueles que não o fizessem seriam suspensos de suas funções, disse o papa à época. Francisco também exigiu que os padres rebelados redigissem um pedido de desculpas a Okpaleke.
A Fides, agência de notícias missionária do Vaticano, publicou nesta segunda-feira trechos da carta de renúncia de Okpaleke, na qual ele diz não ter podido tomar posse da diocese e nem sequer viver em seu território por causa da "reação e da resistência violentas" e contínuas.
Segundo a Fides, cerca de 200 padres escreveram ao papa jurando obediência, mas muitos também disseram ao pontífice que tinham "dificuldade psicológica em colaborar com o bispo depois de anos de conflito".
A agência, que é controlada pelo Vaticano, disse que os padres rebelados deveriam "refletir sobre o dano grave infligido à Igreja" devido às suas "ações insensatas se opondo a um bispo nomeado legitimamente pelo Sumo Pontífice".
Em sua carta de renúncia, Okpaleke disse que permanecer como bispo não seria benéfico para a Igreja.