Por Mohammad Mukashaf
ÁDEN, Iêmen (Reuters) - O Parlamento do Paquistão votou nesta sexta-feira a favor da decisão de não se unir à intervenção militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, acabando com as esperança de Riad de receber um apoio robusto de fora da região em sua luta contra os rebeldes houthis, que têm respaldo do Irã.
A Arábia Saudita havia pedido ao Paquistão, cuja população também é de maioria sunita, que colaborasse com navios, aeronaves e tropas para a campanha, atualmente em sua terceira semana, para conter a influência do xiita Irã no que aparenta ser uma guerra por procuração entre as duas potências dominantes do Golfo Pérsico.
Embora os sauditas contem com o apoio de seus vizinhos sunitas no Golfo, a legislatura paquistanesa se pronunciou contra o envolvimento militar.
"(O Parlamento) deseja que o Paquistão mantenha a neutralidade no conflito no Iêmen, de forma a poder desempenhar um papel diplomático proativo para encerrar a crise", declarou.
A Arábia Saudita minimizou a decisão, dizendo ainda não ser uma medida definitiva porque "o governo do Paquistão não anunciou uma posição oficial até agora", declarou o porta-voz da coalizão, o general de brigada Ahmed Asseri, a repórteres nesta sexta-feira.
"A presença de nossos irmãos paquistaneses seria um acréscimo, mas a ausência de seu destacamento terrestre, naval ou aéreo não afetará as operações da coalizão", acrescentou.
A aliança liderada pelos sauditas começou os ataques aéreos contra os houthis no Iêmen em 26 de março, depois que os rebeldes, que já controlam a capital, Sanaa, iniciaram um rápido avanço rumo à cidade portuária de Áden, no sul.
A Arábia Saudita teme que a violência se espalhe pela fronteira que divide com o Iêmen e também se preocupa com a influência de Teerã, que negou as acusações sauditas de que tem fornecido apoio militar direto aos houthis.
(Reportagem adicional de Amjad Ali, em Islamabad; de Ali Abdelaty e Mohammed Ghobari, no Cairo; e de Dominic Evans e Noah Browning, em Dubai)