Por Felipe Pontes
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou à carga neste domingo contra o governo ao comentar novas denúncias de irregularidades na Petrobras, que teriam o envolvimento de outras diretorias da estatal.
"É uma vergonha o que está acontecendo em nossa maior empresa, é vergonhosa a governança que deixaram acontecer na Petrobras, com denúncia atrás de denúncia. Agora diz o delator que existem outros diretores envolvidos nessas denúncias", disse Aécio durante visita à Feira de Tradições Nordestinas, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
De acordo com reportagem publicada no sábado pelo jornal Folha de S. Paulo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa falou nos depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sobre irregularidades praticadas na diretoria de Serviços e Engenharia e na divisão internacional durante o período em que integrou a cúpula da estatal, de 2004 a 2012.
Há duas semanas vazamentos de depoimentos de Costa publicados na mídia apontaram para um suposto esquema de propinas envolvendo políticos e partidos da base governista.
"Nós vamos investigar isso em profundidade. Nosso papel é cobrar que a investigações vão a fundo", acrescentou o tucano.
Aécio aproveitou também para reforçar as principais linhas de ataque que vêm usando contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição e que para ele representa um fracasso no campo econômico e ético, e contra Marina Silva (PSB), pelo que ele vê como uma candidatura com crescentes contradições.
"Tenho muita convicção que no dia 5 de outubro, pelo voto responsável da maioria dos brasileiros, nós vamos estar no segundo turno, para encerrar este ciclo de governo do PT que aí está", disse Aécio ao comentar o terreno que recuperou nas últimas pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno divulgadas pelos principais institutos.
"Eu tenho muita confiança de que esse ciclo de governo do PT que tão mal vem fazendo ao Brasil, inclusive na questão ética, vai ser encerrado", acrescentou.
Pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas na última semana mostraram que o tucano foi o único candidato a recuperar terreno nas intenções de voto para o primeiro turno, mas ele continuava bem atrás de Marina, segunda colocada. Nas simulações de segundo turno, apesar de ter reduzido pela metade a vantagem de Dilma, segundo o Ibope, ele continua perdendo para a presidente, enquanto a candidata do PSB tem vantagem numérica contra a petista, ainda que em empate técnico, nas duas sondagens.
SEGURANÇA E POLÍTICA EXTERNA
Sempre acompanhado pelo cantor Fagner, natural de Orós (CE), durante sua caminhada pela feira, Aécio almoçou pratos típicos do Nordeste e, depois de ser nomeado "cidadão nordestino" pela administração do local, chegou a parar para pedir a benção a uma imagem do Padre Cícero, a quem solicitou ajuda para enfrentar "o que vier pela frente".
Ainda quando falava com os jornalistas, Aécio voltou a criticar o governo do PT por sua política externa em relação aos países vizinhos.
"Como presidente da República vou assumir a coordenação de nossa política nacional de segurança, com o controle de nossas fronteiras pelas Forças Armadas e a Polícia Federal, porque o Brasil não é produtor de drogas", disse ao comentar o "genocídio da juventude negra" envolvida com o tráfico.
"Eu conduzirei uma política externa não para ser ditado pelos nossos vizinhos como faz o PT, mas para ser respeitado por eles", acrescentou.
(Edição de Alexandre Caverni)