Por Joyce Zhou e Ann Wang
GUANGZHOU, China/YANGON (Reuters) - Pressionados por uma crise trabalhista e salários crescentes na China, Shu Ke'an, cuja empresa exporta coletes à prova de balas, rifles e outros equipamentos táticos para os Estados Unidos, primeiro considerou a mudança de produção para o sudeste da Ásia há alguns anos, mas nada aconteceu.
Quando as tensões comerciais se transformaram em uma guerra tarifária no ano passado, no entanto, foi o golpe final.
Um dia depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas adicionais sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses em setembro, Shu, de 49 anos, decidiu começar a fazer coletes para seus clientes norte-americanos em Mianmar.
Desde então, o governo Trump aumentou ainda mais as tarifas sobre as importações chinesas, elevando os impostos norte-americanos sobre os coletes à prova de balas de Shu em Guangzhou para 42,6%.
Com mais da metade da renda de sua empresa dependendo de pedidos dos Estados Unidos, Shu estava feliz com a decisão de migrar para Mianmar.
"A guerra comercial foi na verdade uma bênção disfarçada", disse ele.
Com Trump pronto para impor tarifas de 25% sobre outros 300 bilhões de dólares em produtos chineses, nenhum exportador na China ficará ileso.
Nos últimos anos, alguns fabricantes chineses já começaram a transferir parte de sua capacidade produtiva para países como Vietnã e Camboja, devido aos altos custos operacionais na China. A guerra comercial está agora pressionando mais produtores a seguir o exemplo, especialmente os fabricantes de produtos de baixa tecnologia e de baixo valor agregado.
Nove meses depois, a empresa de Shu, Yakeda Tactical Gear, conta com a nova fábrica de Mianmar, que iniciou operações em dezembro, para produzir novos pedidos para clientes nos Estados Unidos.