Por Amina Ismail
CAIRO (Reuters) - A família do ex-primeiro-ministro egípcio Ahmed Shafik disse neste domingo que perdeu contato com ele desde que foi deportado dos Emirados Árabes Unidos para o Cairo dias após ter anunciado sua intenção de concorrer a presidente no ano que vem.
Shafik, ex-comandante das forças aéreas e ministro de Estado tem sido visto por críticos do presidente Abdel Fattah al-Sisi como um potencial desafiante do ex-comandante militar que deve concorrer a um segundo mandato ano que vem.
Apoiadores veem Sisi, que é aliado dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita, como essencial para a estabilidade do Egito. Mas críticos dizem que ele prendeu centenas de dissidentes e reduziu as liberdades conquistadas após a revolta de 2011, que depôs o ex-líder Hosni Mubarak.
Detalhes sobre o que aconteceu com Shafik não ficaram claros neste domingo. Ele fez um surpreendente anúncio sobre disputar a eleição de 2018 nos Emirados Árabes Unidos, onde mora com a família, na quarta-feira. A família de Shafik disse que ele foi levado de sua casa no sábado e voou em um avião particular até o Cairo. Uma testemunha da Reuters disse que viu autoridades egípcias escoltando-os em um comboio no aeroporto.
“Não sabemos nada dele desde que saiu de casa ontem”, disse à Reuters May, filha de Shafik. “Se ele foi deportado ele poderia ir para casa agora, não apenas desaparecer. Nós achamos que ele foi raptado.”
A família e o advogado disseram que planejavam apresentar queixas junto ao escritório da promotoria em relação ao paradeiro de Shafik.
“Eu peço que as autoridades egípcias... permitam que eu encontre com ele, para ver se está bem e confirmar que chegou ao Egito”, disse a advogada Dina Adly Hussein em comunicado divulgado em sua página no Facebook.
Autoridades dos Emirados Árabes Unidos confirmaram que ele deixou os Emirados sem dar detalhes sobre o motivo. O ministério das Relações Exteriores disse que não era responsável pelo caso.
Uma fonte do ministério do Interior disse: “Nós não sabemos nada sobre Shafik”.
“Nós não o prendemos e não recebemos quaisquer pedidos da promotoria para prendê-lo ou levá-lo de volta”.
A partida abrupta de Shafik dos Emirados aconteceu semanas após autoridades libanesas acusarem a Arábia Saudita de se intrometer em seus assuntos ao forçar o primeiro-ministro Saad al-Hariri a renunciar, mantendo-o no país contra sua vontade.
A Arábia Saudita negou as acusações, mas o caso gerou uma crise política no Líbano e levou o país ao centro de uma disputa regional de poder entre Riad, aliados sunitas do Golfo e o Irã.