Por William James e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - Parlamentares britânicos rejeitaram nesta quarta-feira deixar a União Europeia sem um acordo em qualquer cenário, abrindo caminho para uma votação para adiar o Brexit até ao menos o fim de junho.
Parlamentares aprovaram por 321 contra 278 votos uma moção que descarta, sob qualquer circunstância, um potencialmente desordenado Brexit sem acordo.
A proposta foi além da moção planejada pelo governo, que salientava que o Parlamento não quer deixar o bloco sem um acordo no dia 29 de março, o prazo estabelecido por lei para o Brexit, mas enfatizava que o posicionamento padrão era o de deixar o bloco sem um acordo a não ser que um tratado fosse aprovado pelo Parlamento.
Embora a moção aprovada não tenha nenhuma força legal e, em última instância, possa não evitar uma saída sem acordo após uma possível prorrogação, o texto carrega considerável força política, especialmente porque demonstra uma substancial rebelião de integrantes do próprio partido de May.
May, que tem insistido em dizer que não é possível descartar completamente um Brexit sem acordo, afirmou que os parlamentares precisarão definir o caminho a seguir antes que uma prorrogação possa ser obtida.
O governo disse que irá propor na quinta-feira pedir um adiamento do Brexit até o dia 30 de junho se o Parlamento conseguir --até 20 de março, o dia antes de uma cúpula da UE--aprovar um acordo para deixar a União Europeia.
O governo não disse quando planeja realizar a nova votação.
Analistas acreditam que, com a aprovação da rejeição de um Brexit sem acordo, May agora espera persuadir os parlamentares mais linha dura na defesa do Brexit a votar em seu acordo, alegando que as alternativas oferecem um rompimento menos explícita com a UE.
Após a votação de quarta-feira, a Comissão Européia rapidamente reafirmou sua posição de que não basta o Parlamento votar contra a saída da União Europeia sem um acordo --também é preciso conseguir um acordo que os parlamentares possam aceitar.
O resultado da votação irritou muitos membros pró-Brexit do Partido Conservador, que queriam manter a opção de saída sem acordo como moeda de barganha, sabendo que isso causará transtornos na UE e também no Reino Unido.
Após dois anos e meio de negociações e duas tentativas de aprovar o acordo do Brexit proposto por May, a votação contra uma saída sem acordo ainda deixa indefinido como, quando e sob quais termos o Reino Unido deixará o bloco a que aderiu em 1973.
Depois que parlamentares rejeitaram seu acordo pela segunda vez na terça-feira, May disse que os termos ainda são a melhor opção para deixar a União Europeia de uma maneira ordenada.
À medida que a crise de três anos do Reino Unido se aproxima do fim, diplomatas e investidores vêem quatro principais opções: uma prorrogação do Brexit, uma aprovação de última hora do acordo de May, uma turbulenta saída sem acordo ou a realização de um segundo referendo.
(Reportagem adicional de Elizabeth Piper, em Londres, e Elisabeth O'Leary e Alastair Macdonald, em Bruxelas)