Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan e Andrew MacAskill
LONDRES (Reuters) - Parlamentares britânicos votaram nesta segunda-feira para tomar o controle do Brexit das mãos da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, por um dia, em uma tentativa de encontrar um caminho para o impasse envolvendo a separação da União Europeia que uma maioria parlamentar possa apoiar.
Agora, parlamentares devem votar em uma série de opções para o Brexit na quarta-feira, dando ao Parlamento a chance de indicar se pode concordar com um tratado que preveja laços mais próximos com Bruxelas, e então tentar levar o governo a essa direção.
A medida chama atenção para a extensão com a qual May perdeu sua autoridade, embora ela tenha dito que o governo não será obrigado a cumprir os resultados das chamadas votações indicativas a serem realizadas na quarta-feira.
A votação desta segunda-feira foi apresentada por Oliver Letwin, um parlamentar do Partido Conservador de May, depois que a premiê admitiu que o acordo que ela firmou com a União Europeia após dois anos de negociações ainda não tinha apoio suficiente para ser aprovado.
Parlamentares aprovaram a proposta de Letwin por 329 votos a 302 votos, e muito provavelmente irão confirmar sua decisão na votação final da noite sobre a “moção como emendada” geral.
Mais cedo, May disse que a proposta estabeleceria um precedente indesejado e que poderia levar ao apoio de um plano com o qual a própria União Europeia não concordaria.
“Nenhum governo poderia dar um cheque em branco para se comprometer com um resultado sem saber qual é”, disse May antes da votação. “Então, eu não posso prometer que o governo irá entregar o resultado de quaisquer votações realizadas por essa Câmara”.
Na semana passada, a UE concordou em adiar a data de saída original de 29 de março por causa do impasse em Londres. Agora, o país deixará o bloco em 22 de maio se o acordo da premiê for aprovado pelo Parlamento nesta semana. Caso isso não ocorra, o Reino Unido tem até 12 de abril para delinear seus planos. A votação desta segunda-feira foi uma tentativa de encontrar uma maneira de elaborar tal plano.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse na semana passada que todas as opções do Brexit permanecem em aberto para o Reino Unido até o dia 12 de abril, incluindo um acordo, uma saída sem acordo, uma prorrogação mais longa --ou até a revogação do Artigo 50, com a permanência de Londres na União Europeia.
Mas, quase três anos após o referendo de 2016 sobre a filiação ao bloco e quatro dias antes da data em que o Reino Unido deveria deixar a UE, ainda é incerto como, quando ou até se o Brexit irá acontecer, com o Parlamento e a nação ainda profundamente divididos.
(Reportagem Adicional de Kate Holton, William Schomberg, David Milliken, Kylie MacLellan e Andrew MacAskill)