Por Richard Cowan e David Morgan e Moira Warburton
WASHINGTON (Reuters) - Congressistas do Partido Democrata devem se reunir a portas fechadas nesta terça-feira para discutir os temores crescentes relacionados com as perspectivas do partido na eleição de 5 de novembro, depois que o presidente Joe Biden rejeitou os pedidos de correligionários para desistir da sua campanha pela reeleição.
Ainda que apenas meia dúzia de congressistas democratas tenham pedido publicamente pela abdicação do presidente de 81 anos para que algum outro candidato possa enfrentar o republicano Donald Trump, vários outros correligionários demonstraram preocupação com as possibilidades reais de vitória de Biden depois que o seu desempenho abaixo do esperado no debate presidencial renovou as dúvidas sobre a capacidade do atual presidente de tocar uma campanha de sucesso pela reeleição – e de ter condições de enfrentar o trabalho exaustivo da Presidência por mais quatro anos e meio.
A crescente cisão dentro do partido motivou uma ação emergencial do grupo que controla a campanha de Biden para tentar conter novas deserções. O presidente disse, em entrevista por telefone à MSNBC na segunda-feira, que ele “não vai a lugar algum”, uma mensagem que repetiu a doadores em ligações privadas que fez ao longo do dia, de acordo com duas fontes presentes nas conversas.
Biden teve várias ações de campanha no domingo no importante Estado da Pensilvânia. A vice-presidente Kamala Harris, vista por muitos como o nome mais provável para suceder Biden se ele optar por desistir da corrida, também estava em campanha pelo presidente.
No entanto, o deputado democrata Joe Morelle disse que os seus eleitores do distrito de New York estão perdendo a confiança em Biden depois do desempenho fraco no debate do dia 27 de junho contra Trump.
“Eles precisam de mais evidências para se sentirem seguros que ele pode continuar a fazer a função. E só repetir isso não é o suficiente. Ele vai ter que demonstrar a sua capacidade”, disse Morelle, acrescentando que outros eventos públicos em que Biden respondesse perguntas dos eleitores podem ajudar a dirimir as dúvidas sobre o presidente.
Até correligionários de longa data que apoiam Biden disseram que ele precisa fazer mais.
“Precisamos ver um candidato muito mais vigoroso e energético na campanha em um futuro muito próximo”, disse em nota oficial a senadora democrata Patty Murray, presidente do poderoso comitê de Apropriações do Senado, acrescentando que Biden "precisa considerar, com seriedade, a melhor maneira de preservar o seu incrível legado."
Biden prometeu continuar na corrida presidencial, sob o argumento de que Trump, 78 anos, representa uma ameaça única à democracia. Trump, que repetiu várias mentiras durante o debate, alegou falsamente que a sua derrota em 2020 foi resultado de fraude eleitoral e não se comprometeu a aceitar os resultados do pleito deste ano.
Congressistas democratas, especialmente os que estão na Câmara, também demonstraram preocupação que os problemas enfrentados por Biden podem prejudicar a sua própria tentativa de obter maioria na Casa, que seria o único baluarte de resistência contra Trump em caso de vitória deste. Atualmente, os republicanos contam com uma maioria de 220 a 213 na Câmara.