Por Charlotte Greenfield e David Brunnstrom e YP Rajesh
DHARAMSALA, Índia (Reuters) - Um grupo de parlamentares norte-americanos se reuniu com o Dalai Lama nesta quarta-feira na Índia e disse que não permitirá que a China influencie a escolha de seu sucessor, comentários que devem irritar Pequim, que considera o líder espiritual tibetano exilado como um separatista.
Os comentários foram feitos no momento em que Washington e Pequim tentam estabilizar laços instáveis, enquanto a Índia pressiona a China para garantir uma paz duradoura em sua fronteira disputada no Himalaia, quatro anos depois que um confronto militar estremeceu as relações.
Os parlamentares também sinalizaram que Washington pressionará Pequim a dialogar com os líderes tibetanos, o que não ocorre desde 2010, para resolver a questão do Tibete, com um projeto de lei que, segundo eles, o presidente Joe Biden assinará em breve.
Embora Washington reconheça o Tibete como parte da China, o projeto de lei parece questionar essa posição e qualquer mudança seria um grande choque para Pequim, disseram os analistas.
O grupo bipartidário de sete parlamentares liderado pelo republicano Michael McCaul, que também preside o comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, encontrou-se com o ganhador do Prêmio Nobel da Paz em seu monastério na cidade de Dharamsala, no norte da Índia.
"Ainda tenho esperança de que um dia o Dalai Lama e seu povo retornem ao Tibete em paz", disse McCaul em uma recepção pública após a reunião.
Pequim até tem tentado interferir na escolha do sucessor do Dalai Lama, disse ele, mas acrescentou: "Não permitiremos que isso aconteça".
O Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959 após um levante fracassado contra o domínio chinês no Tibete. O homem de 88 anos, que vem lutando contra problemas de saúde há anos, deve viajar para os Estados Unidos nesta semana para receber tratamento médico.
A questão de seu sucessor tem sido um assunto complexo, que, segundo analistas, destaca o poder e a influência da função, fomentando a luta de Pequim para controlá-la.
A tradição tibetana afirma que o Dalai Lama reencarna após sua morte, e o atual líder disse que seu sucessor pode ser encontrado na Índia.
Pequim tem afirmado que a tradição deve continuar, mas que seus líderes comunistas, oficialmente ateus, têm o direito de aprovar o sucessor, como um legado herdado dos imperadores da China.