Por Patricia Zengerle
WASHINGTON (Reuters) - O principal oficial de inteligência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será questionado por parlamentares nesta quinta-feira a respeito da maneira como o governo lidou com o relato de um delator que está no centro de um inquérito de impeachment do presidente.
O diretor interino de Inteligência Nacional, Joseph Maguire, irá depor ao Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados depois de se recusar a compartilhar uma denúncia feita por um delator com o Congresso, apesar de uma lei que exige que esta fosse enviada aos parlamentares depois de um inspetor-geral determinar que ela era urgente e crível.
Maguire está no cargo há menos de dois meses.
Embora o inquérito formal de impeachment anunciado na terça-feira pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, seja liderado por democratas, alguns dos colegas republicanos de Trump se uniram a estes pedindo que o governo encaminhe o relatório ao Congresso.
Membros dos Comitês de Inteligência da Câmara e do Senado tiveram permissão para ver a queixa na quarta-feira.
"Os republicanos não deveriam estar tentando se blindar para dizer que não é nada demais quando obviamente há muita coisa perturbadora ali", disse o senador Ben Sasse, membro republicano do Comitê de Inteligência do Senado, após ler o documento.
Na terça-feira, o Senado aprovou uma resolução pedindo a divulgação do relatório através de uma votação oral unânime. A Câmara aprovou uma medida semelhante por 421 a zero, sendo que dois republicanos votaram "presente", na quarta-feira, mesmo depois de o governo recuar e concordar em deixar membros dos Comitês de Inteligência da Câmara e do Senado verem o relatório confidencial em salas protegidas do Capitólio.
A disputa a respeito do relatório é o capítulo mais recente de uma disputa de poder em andamento. O governo Trump está resistindo aos esforços de parlamentares democratas que investigam os negócios do presidente e a ações para obter documentos, registros e depoimentos da Casa Branca e de funcionários de alto escalão.
Acredita-se que o relatório do delator inclui um relato de uma conversa telefônica de 25 de julho entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na qual Trump pressionou Zelenskiy a investigar um rival político, o ex-vice-presidente Joe Biden, em coordenação com o secretário de Justiça dos EUA e o advogado pessoal de Trump.
Não há indícios de que Biden ou seu filho, Hunter Biden, que atuou no conselho de uma empresa ucraniana, tenha agido indevidamente.