Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan e William James
LONDRES (Reuters) - Parlamentares britânicos votaram em maioria nesta quinta-feira por buscar um adiamento na saída do Reino Unido da União Europeia, preparando terreno para que a premiê, Theresa May, renove esforços para ter seu acordo de divórcio aprovado pelo Parlamento na próxima semana.
Parlamentares aprovaram por 412 votos a 202 uma moção que levanta a opção de haver um breve adiamento caso concordem com um acordo para o Brexit até 20 de março, ou um adiamento mais longo caso não haja acordo dentro desse período.
A votação torna provável que a data de saída de 29 de março prevista em lei, que May tem enfatizado repetidamente, não seja cumprida, embora não esteja claro por quanto tempo.
O pequeno atraso pretendido pela moção pode durar até 30 de junho, mas uma extensão mais longa no momento não tem limite de tempo. Ambos exigiriam aprovação unânime de outros 27 membros da UE, cujos líderes estarão reunidos em uma cúpula na próxima quinta-feira.
May espera que a ameaça de um longo atraso leve apoiadores do Brexit de seu partido Conservador e membros dos Unionistas Democratas, o pequeno partido da Irlanda do Norte que reforça seu governo de minoria no Parlamento, a apoiarem seu acordo em uma terceira tentativa.
Uma nova votação do acordo de May deve ocorrer na próxima semana, quando aqueles parlamentares devem decidir se apoiam um acordo que sentem que não oferece uma separação limpa da UE, ou o rejeitam e aceitam que o Brexit será desidratado ou até frustrado por um longo atraso.
O porta-voz de May disse que ministros concordaram em "redobrar seus esforços" para assegurar um acordo.
Mais cedo nesta quinta-feira, parlamentares rejeitaram por 334 votos a 85 um segundo referendo sobre fazer parte da UE. Poucos parlamentares de oposição apoiaram a medida e até defensores de um "voto do povo" disseram que a hora não é adequada para que o Parlamento vote sobre isto.
BREXIT ADIADO?
O governo evitou, por uma pequena margem, uma tentativa de parlamentares de confiscarem a pauta em 20 de março com o objetivo de forçar uma discussão de opções alternativas ao Brexit - possivelmente limitando as opções de May quando ela for defender um adiamento perante a UE.
A votação desta quinta-feira não significa que um atraso é garantido, já que é necessário um consentimento da UE, e a data prevista para o Reino Unido deixar o bloco se não houver acordo ainda é 29 de março. O porta-voz de May disse que o governo ainda está fazendo preparações para uma saída sem acordo.
Sua autoridade alcançou um patamar mínimo histórico nesta semana após uma série de derrotas e rebeliões parlamentares. Mas ela deixou claro que seu acordo segue sendo sua prioridade, apesar de ter sido rejeitada por ampla margem duas vezes, em janeiro e novamente na terça-feira.
O porta-voz de May disse mais cedo nesta quinta-feira que ela submeterá esse mesmo acordo, selado após dois anos e meio de negociações com a UE, a uma nova votação "se for sentido que ele vale a pena".
Britânicos votaram por 52 por cento, contra 48 por cento, em um referendo em 2016 para deixar a UE, uma decisão que não só dividiu importantes partidos políticos, mas também expôs acentuadas disputas na sociedade britânica.
(Reportagem adicional de William Schomberg, Paul Sandle, Michael Holden, Andrew MacAskill e Kate Holton em Londres, Alastair Macdonald, Alissa de Carbonnel, Francesco Guarascio e Jan Strupczewski em Bruxelas)