VARSÓVIA (Reuters) - Os parlamentares da Polônia rejeitaram nesta quinta-feira planos para proibir quase totalmente o aborto no país, em uma votação organizada às pressas e que marcou o primeiro grande revés dos conservadores governistas após manifestações de dezenas de milhares de mulheres nas ruas.
O partido governista Lei e Justiça (PiS) retirou inesperadamente seu apoio à proposta esboçada por um grupo independente antiaborto em uma reunião de um comitê parlamentar que não havia sido agendada no final da quarta-feira.
"O PiS continua a apoiar a proteção da vida", disse o líder partidário Jaroslaw Kaczynski ao Parlamento. "E irá continuar a adotar ações a este respeito, mas serão ações ponderadas".
Até 100 mil mulheres vestidas de preto participaram de passeatas em toda a Polônia na segunda-feira para protestar contra os planos de endurecer as regras já rígidas para a realização de abortos.
Algumas das manifestantes já votaram no PiS, o que preocupou o partido socialmente conservador e eurocético, que chegou ao poder em outubro prometendo ajudar os poloneses mais pobres e intensificar o papel do Estado na economia.
Segundo os planos rejeitados, o aborto só seria permitido na eventualidade de um risco direto à vida da mãe, e não mais em casos de estupro, incesto e grandes riscos de saúde para a mãe ou quando o bebê provavelmente terá deficiências permanentes.
(Por Pawel Sobczak e Marcin Goettig)