Por Guy Faulconbridge e Filipp Lebedev
MOSCOU (Reuters) - O Parlamento russo iniciou nesta terça-feira o processo para revogar a ratificação do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares, e o presidente da câmara baixa advertiu os Estados Unidos de que Moscou pode até mesmo abandonar o pacto por completo.
A Rússia tem afirmado que o objetivo é restaurar a paridade com os EUA, que assinaram mas nunca ratificaram o tratado de 1996, e que não retomará os testes a menos que Washington o faça.
Porém, especialistas em controle de armas estão preocupados com a possibilidade de a Rússia estar se aproximando de um teste, que poderia dar início a uma nova era de grandes potências nucleares - e que o Ocidente perceberia como uma escalada nuclear russa em meio à guerra da Ucrânia.
A câmara baixa do Parlamento russo, a Duma, aprovou por 412 a zero, sem abstenções, a retirada da ratificação, na primeira de três votações.
"Nosso voto é uma resposta aos EUA - à sua abordagem grosseira em relação aos seus deveres de manter a segurança global", disse o presidente da Câmara, Vyacheslav Volodin, membro do Conselho de Segurança do presidente Vladimir Putin.
"E o que faremos em seguida - se continuaremos a fazer parte do tratado ou não, não diremos a eles. Devemos pensar na segurança global, na segurança de nossos cidadãos e agir de acordo com seus interesses", disse Volodin.
Volodin disse que os EUA pediram à Rússia, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), que não revogasse a ratificação. Ele afirmou que a ação de Moscou foi um alerta para Washington após sua falha em ratificar o tratado nos últimos 23 anos. A Rússia o ratificou em 2000.
Putin disse, em 5 de outubro, que não estava pronto para dizer se a Rússia deveria ou não retomar os testes nucleares após os apelos de alguns especialistas em segurança e parlamentares russos para que o país testasse uma bomba nuclear como um aviso ao Ocidente.
Nenhum país, exceto a Coreia do Norte, realizou um teste envolvendo uma explosão nuclear neste século.
A Rússia pós-soviética nunca realizou um teste nuclear. A União Soviética fez o último teste em 1990 e os Estados Unidos, em 1992.