Por Lamine Chikhi
ARGEL (Reuters) - O partido governista da Argélia, FLN, deu mais sinais de que está virando as costas ao presidente Abdelaziz Bouteflika, enquanto milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar contra ele nesta sexta-feira.
Um importante integrante do partido disse em uma entrevista de madrugada que o presidente de longa data "é passado agora".
Bouteflika recuou da decisão de concorrer a mais um mandato depois de protestos em massa contra seu governo, mas não chegou a renunciar e diz que permanecerá até uma nova Constituição ser adotada. Ele vem perdendo aliados há alguns dias, desde que voltou de um tratamento médico na Suíça.
Os comentários de Hocine Kheldoun à televisão Ennahar na noite de quinta-feira foram mais um grande revés para Bouteflika, que esperava apaziguar os argelinos prometendo medidas para mudar um cenário político que ele e a elite governista dominam há décadas.
Kheldoun, ex-porta-voz do partido governista, se tornou uma das autoridades mais graduadas do FLN a romperem com Bouteflika publicamente. Ele disse que a sigla tem que olhar para a frente e que apoia as reivindicações dos manifestantes que protestam contra Bouteflika.
Nesta sexta-feira, milhares de manifestantes se reuniram no centro de Argel para continuar pressionando Bouteflika a renunciar.
"Fora, FLN", bradavam alguns em meio à forte presença policial em toda a capital. As manifestações têm sido pacíficas. "Aqueles que pensam que estamos cansados estão errados. Nossos protestos não pararão", disse o médico Madjid Benzida, de 37 anos.
(Por Lamine Chikhi)