VARSÓVIA (Reuters) - O partido nacionalista que governa a Polônia divulgou um anúncio humorístico nesta segunda-feira mostrando a embaixada alemã tentando ordenar Varsóvia a elevar a idade mínima de aposentadoria, um sinal de como as acusações de influência estrangeira se tornaram centrais na campanha para as eleições do próximo mês.
O sentimento antialemão tem tido um lugar de destaque na campanha do partido Lei e Justiça (PiS, na sigla em polonês) para conquistar um terceiro mandato. A legenda tem tentado repetidamente retratar o antigo primeiro-ministro Donald Tusk, líder do maior grupo de oposição, a Plataforma Cívica (PO, na sigla em polonês), como um fantoche alemão.
O anúncio divulgado nesta segunda-feira mostra uma ligação feita ao líder do PiS, Jaroslaw Kaczynski, direto da embaixada alemã. O som no telefone vira a cabeça de um gato no escritório do famoso líder amante dos felinos, enquanto o som de "Cavalgada das Valquírias" de Wagner cria uma atmosfera de tensão.
"Guten Tag", diz o interlocutor, antes de continuar em polonês com forte sotaque. "Estou ligando da embaixada alemã e gostaria de falar com o chanceler sobre o seu 'Rentenalter', que é a idade de aposentadoria na Polônia. Acreditamos que deveria ser a mesma que era sob o primeiro-ministro Tusk."
Kaczynski responde: "Por favor, peça desculpas ao chanceler, mas é o povo polonês que decidirá sobre esta questão em um referendo", diz ele. "Tusk não está mais aqui e esses hábitos acabaram."
Como primeiro-ministro, Tusk aumentou a idade mínima de aposentadoria para 67 anos, ante 65 para os homens e 60 para as mulheres, dizendo que a medida era necessária para manter o sistema de pensões em funcionamento. O PiS reverteu a medida e Tusk diz que não tem intenção de tentar aumentá-la novamente.
O PO não respondeu a um pedido de comentário sobre o anúncio.
A Polônia vai realizar um referendo no dia das eleições com perguntas sobre quatro questões: a idade de aposentadoria, privatização, o endurecimento da fronteira com Belarus e a rejeição a imigrantes sob um acordo com a União Europeia.
A oposição chama o referendo de um exercício de campanha concebido para energizar os apoiadores do governo e demonizar os oponentes.
(Por Alan Charlish)