Por Elizabeth Piper e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - Prometendo a reestatização de alguns serviços, medidas para conter os excessos corporativos e o fim dos cortes na saúde, o Partido Trabalhista britânico conclamou os eleitores nesta terça-feira a apoiarem sua guinada à esquerda e expulsarem o Partido Conservador do governo na eleição do mês que vem.
Ao revelar o que o líder Jeremy Corbyn classificou como "um projeto do que o Reino Unido poderia ser", os trabalhistas disseram ser o único partido que fará com que a desfiliação britânica da União Europeia "funcione para as pessoas comuns", mas que não irá apoiar um referendo de independência na Escócia.
Os trabalhistas querem combater a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, nas políticas domésticas, principalmente o sistema de saúde, na eleição de 8 de junho, que, se as pesquisas que dão uma ampla vantagem aos conservadores estiverem certas, pode reformular o panorama político por muitos anos.
Críticos dizem que o manifesto lembrou o programa de 1983 do partido, descrito à época por um parlamentar trabalhista como "o bilhete de suicídio mais longo da história" por ajudar os conservadores a vencerem, e a sigla governista questionou seus planos de financiamento.
Corbyn afirmou que seu manifesto, que também propôs o fim das taxas cobradas pelas universidades e dos cortes no Sistema Nacional de Saúde, foi bem calculado e acusou os conservadores de regredirem no tempo por apoiarem a caça à raposa e novas escolas de elite.
"Este manifesto é o primeiro esboço de um futuro melhor para o povo de nosso país. Um projeto do que o Reino Unido poderia ser e uma promessa da diferença que um governo trabalhista pode fazer e fará", disse ele a apoiadores em uma universidade do norte da Inglaterra.
"Nosso país só irá trabalhar para os muitos, não os poucos, se a oportunidade estiver nas mãos dos muitos. Por isso, nosso manifesto é um plano para que todos tenham uma chance justa de progredir na vida, porque nosso país só irá ser bem-sucedido quando todos forem bem-sucedidos."
Os conservadores disseram que as contas de Corbyn não fecham e que "toda família trabalhadora neste país pagaria pelo caos de Corbyn com impostos mais altos".
"Está claro que proposta atrás de proposta neste manifesto irá significar mais empréstimo e dívida: das promessas sobre benefícios às promessas de carcereiros às promessas de nacionalizar a rede de distribuição de água", disse o secretário-chefe do Ministério das Finanças, David Gauke, em um comunicado.
(Reportagem adicional de Elisabeth O'Leary)