Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Uma passeata pedindo a união dos palestinos, que reuniu centenas em Gaza nesta quarta-feira, terminou em confrontos que evidenciaram a profundidade das divisões que atrasam a reconciliação e a recuperação da mais recente e devastadora guerra com Israel.
Os islâmicos do Hamas, que comandam Gaza desde que tomaram o território do movimento Fatah, apoiado pelo Ocidente, em 2007, deram o sinal verde para a manifestação, organizada por universitários com filiações políticas rivais.
Acenando com bandeiras palestinas, os estudantes pediram ao Hamas e à Fatah, liderada pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, que resolvam suas diferenças, que prejudicam o governo de união nacional que formaram no ano passado.
As duas facções adversárias não conseguiram entrar em acordo sobre o controle das passagens de fronteira de Gaza. A desavença atrasou o fluxo de ajuda vital para a reconstrução na esteira do conflito de 50 dias com Israel em julho e agosto de 2014, assim como a alocação de ministérios do governo e pagamentos de salário para servidores públicos contratados pelo Hamas.
Depois que a violência irrompeu na passeata desta quarta-feira em um bairro de Gaza seriamente danificado pela guerra de 2014, os manifestantes e o Hamas ofereceram relatos conflitantes do episódio.
Um apoiador da Fatah acusou o Hamas de mandar homens munidos de bastões para a multidão para atacarem grupos de estudantes rivais enquanto a polícia assistia a tudo. Vários jornalistas locais disseram também ter sido agredidos por seguranças à paisana.
"Estávamos entoando slogans pedindo o fim da divisão e clamando pela reconstrução, mas o Hamas nos acusou de tentar politizar a passeata", afirmou o manifestante da Fatah.
Eyad al-Bozom, porta-voz do Ministério do Interior, controlado pelo Hamas, afirmou que os manifestantes estavam lutando entre si e que a polícia interveio para separá-los.
"Enquanto os participantes partiam… surgiram brigas entre eles, que forçaram a polícia a intervir para evitar uma escalada e preservar as vidas dos participantes e a ordem pública. A calma prevaleceu", disse Bozom.
Um manifestante pró-Hamas disse que os estudantes que apoiam a Fatah e outras facções políticas saíram do evento revoltados com os slogans exigindo que Abbas ponha fim à cooperação de segurança com Israel na Cisjordânia.
(Reportagem adicional de John Irish em Paris)