Por Eric Kelsey
LOS ANGELES (Reuters) - A confusão moral impera no novo filme da HBO, "Paterno", que mostra a intimidade do famoso técnico de futebol americano da Universidade Estadual da Pensilvânia enquanto ele tenta lidar com as repercussões do envolvimento de um ex-assistente de longa data em um escândalo de abuso sexual infantil que abalou a cidade que abriga a escola.
O drama, que estreia no sábado e tem Al Pacino no papel do falecido Joe Paterno, mostra a vida doméstica do técnico durante um cerco midiático de semanas em meio ao qual a família lidou com sua derrocada súbita.
"Eis um homem que falava de integridade, e mesmo assim isso aconteceu", disse o diretor Barry Levinson à Reuters. "Então o que ele sabia? O que ele não sabia?"
Levinson explora o paradoxo de um treinador que professava e vivia de acordo com um código moral rigoroso que também exigia de seus jogadores, mas que não foi capaz de reagir aos sinais de que seu assistente Jerry Sandusky estava abusando de meninos.
"Paterno" faz as perguntas, mas não oferece respostas.
"O comportamento humano sempre é mais complicado", disse o diretor, vencedor do Oscar por "Rain Man". "Existem coisas que podemos nunca entender, mas isso é a parte que o torna interessante".
O filme emprega várias narrativas, de administradores da universidade que ignoraram queixas feitas contra Sandusky à jovem repórter Sara Ganim, que revelou a história e o trauma emocional de uma vítima de Sandusky que veio a público.
Levinson e a roteirista Debora Cahn deixam os maiores enigmas por conta de Paterno, técnico de futebol americano universitário que conquistou mais títulos e que no espaço de poucas semanas do outono local de 2011 foi da notoriedade à demissão.
Eles mostram Paterno distante dos detalhes de seu trabalho, confuso e com dificuldades de entender a natureza dos crimes de Sandusky, que transcorriam há décadas.
"O que é sodomia?", Paterno pergunta à esposa enquanto lê a queixa criminal que levou à condenação do assistente por 45 acusações de abuso sexual.
O filme recria momentos reais e supostos nos quais Paterno ou ignorou sinais da conduta de Sandusky dos quais se tornou ciente ou deixou de tomar providências depois de se reportar aos seus superiores.
Paterno morreu de câncer pulmonar em janeiro de 2012 aos 85 anos de idade.