Por Stella Dawson
WASHINGTON (Thomson Reuters Foundation) - Os três países da África Ocidental devastados pela crise do vírus Ebola revelaram nesta sexta-feira um plano de 8 bilhões de dólares para a recuperação da região e pediram ajuda internacional urgente para reconstruir seus sistemas de saúde, alimentar a população e gerar empregos.
Os líderes de Guiné, Libéria e Serra Leoa disseram que precisam de metade do dinheiro dentro dois anos, descrevendo o esforço como uma espécie de Plano Marshall, o plano de recuperação da Europa após a Segunda Guerra Mundial. A prioridade é dar um golpe final no vírus, que causou mais de 10 mil mortes, e prestar apoio à retomada econômica.
"O Ebola é como uma guerra em nossos países, e é por isso que pedimos a vocês que tragam novos recursos para enfrentar as consequências dessa doença", disse o presidente da Guiné, Alpha Condé, em uma reunião de cúpula sobre os esforços de recuperação após o Ebola, organizada pelo Banco Mundial em Washington.
O banco de desenvolvimento estima que as perdas econômicas dos três países cheguem a somar 2,2 bilhões de dólares somente neste ano, superior ao montante de 1,6 bilhão de dólares previsto três meses atrás em decorrência, sobretudo, do colapso global dos preços das commodities e da paralisação do setor de mineração em Serra Leoa.
Para dar início à recuperação, o Banco Mundial e outros doadores estrangeiros prometeram 1,06 bilhão de dólares durante o encontro nesta sexta-feira. Parte desta quantia será proveniente de recursos não utilizados dos 5,68 bilhões de dólares empenhados no combate ao Ebola no ano passado.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, marcou para 15 de julho, em Nova York, uma conferência sobre o financiamento ao plano de recuperação africano.
"Temos que ajudar esses países, mesmo com o declínio da crise de saúde", disse Ban.
Embora a epidemia de Ebola esteja recuando, a erradicação dos últimos casos em áreas remotas tem se mostrado mais desafiadora do que o esperado, disse ele.
NOVOS CASOS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou 37 novos casos na semana até 12 de abril, queda em relação aos 150 casos registrados quatro semanas antes. Destes, 28 casos foram registrados na Guiné, 9 em Serra Leoa e nenhum na Libéria.
De acordo com o plano de desenvolvimento regional, os três países irão construir um centro na África Ocidental para o controle da doença para que possam rapidamente testar e monitorar surtos, um recurso que fez muita falta quando os casos de Ebola surgiram em 2014.
Seus sistemas de saúde, com poucos investimentos e em frangalhos após guerras civis mesmo antes do surto, também precisam ser reconstruídos.