Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - O número de pessoas que buscam asilo político na União Europeia voltou a subir, impulsionado por refugiados latino-americanos, mas espera-se que os fluxos continuem bem abaixo dos altos níveis observados durante a crise migratória da Europa em 2015, de acordo com um levantamento divulgado nesta segunda-feira.
Nos primeiros cinco meses deste ano, os países da Área Europeia de Livre Comércio (EFTA), que incluem todos os 28 países da UE, mais a Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, registraram mais de 290.000 pedidos de refúgio, um aumento de 11% em comparação com o mesmo período em 2018, disse a agência da UE para os refugiados, o Gabinete Europeu de Apoio ao Asilo (EASO).
O aumento foi em parte causado por uma onda de venezuelanos e outros solicitantes de asilo latino-americanos que estão fugindo de crises políticas e econômicas em seus países, disse o EASO.
Os venezuelanos apresentaram cerca de 18.400 pedidos de asilo de janeiro a maio, aproximadamente o dobro do número de pedidos de asilo em 2018, o que os torna a nacionalidade com o segundo maior número de pedidos na Europa, depois dos sírios.
A Venezuela está passando por um colapso econômico, desencadeado por uma prolongada crise política, que resultou na maior crise migratória na história recente da América do Sul, com cerca de 3 milhões de venezuelanos que, segundo estimativas, fugiram do país nos últimos anos. A maioria deles vai para os países vizinhos da Venuezuela.
Os países europeus registraram também um aumento nas chegadas de colombianos e mais pedidos de asilo de cidadãos de El Salvador, Honduras, Nicarágua e Peru, disse o EASO.
Isso causou um aumento de quase 50% de pedidos na Espanha no ano passado, quando a nova tendência se consolidou, já que a maioria dos venezuelanos que se dirigem à Europa busca refúgio no país com o qual compartilham idioma e herança.
Por sua vez, a Espanha tornou-se um dos maiores receptores de pedidos de asilo da UE, quase tantos quanto a Itália, que estava entre os países que mais sofreram com a crise de 2015. A Itália viu as chegadas diminuírem pela metade no ano passado depois de introduzir controles fronteiriços mais rigorosos.
A Alemanha continua sendo de longe o país que mais recebe pedidos na Europa, apesar de seu número ter caído 17% no ano passado, para quase 185.000. A França é a segunda e viu em 2018 um aumento de 21% nos pedidos para cerca de 120.000, o nível mais alto registrado na França até o momento.
Em 2015, a Europa experimentou seu maior aumento na migração desde a Segunda Guerra Mundial, motivada pelo afluxo de refugiados da guerra civil na Síria e um aumento significativo em número de outras áreas do Oriente Médio e da África atormentadas por conflitos e privações.