LIMA (Reuters) - O ex-presidente autoritário do Peru Alberto Fujimori foi levado de ambulância a uma clínica nesta quarta-feira após um juiz anular um perdão concedido a ele no ano passado e determinar que ele retorne imediatamente à prisão.
A decisão do juiz da Suprema Corte, Hugo Nuñez, marca o mais recente revés para Fujimori, um engenheiro agrícola que chegou à Presidência em uma plataforma populista em 1990 e uma década depois renunciou por fax do Japão, terra natal de seus pais, em meio a alegações de corrupção e abuso de direitos humanos.
O advogado de Fujimori, Miguel Pérez, imediatamente apresentou um recurso e pediu a suspensão da ordem de prisão, argumentando que Fujimori sofre de problemas cardíacos que o colocam em risco de morte caso volte à prisão. Pérez disse por telefone que uma decisão sobre o recurso pode levar semanas.
Fujimori, que foi hospitalizado muitas vezes nos últimos anos, foi levado a uma clínica às pressas de sua casa diversas horas após a decisão, segundo testemunhas da Reuters.
"Hoje estou novamente com você em uma ambulância", disse o filho de Fujimori, o parlamentar Kenji, no Twitter (NYSE:TWTR). "Sinto tanta tristeza".
Após sua extradição ao Peru em 2007, Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por comandar esquadrões da morte que massacraram civis em uma campanha de contrainsurgência durante seu governo de direita. Ele foi depois condenado por corrupção.
O ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski concedeu perdão a Fujimori na véspera do Natal, três dias após Kuczynski escapar por uma pequena margem de um votação de impeachment com a ajuda de apoiadores de Fujimori.
Na ocasião do perdão, Kuczynski, conhecido como PPK, citou a saúde frágil de Fujimori, dizendo que ele não queria que um ex-presidente morresse na prisão. Mas o perdão foi amplamente visto como parte de um acordo político.
"Esse perdão foi um esquema ilegal entre Fujimori e o PPK", disse a parlamentar esquerdista Indira Huilca no Twitter. O pai de Indira, um líder sindicalista, foi morto em 1992 no que a Corte Interamericana de Direitos Humanos classificou de execução extra-judicial. "Fujimori deve completar sua sentença até 2032".
Kuczynski, que completou 80 anos na quarta-feira, renunciou devido a um escândalo de corrupção em março e agora está sendo investigado por promotores públicos em conexão com o perdão de Fujimori.
(Por Teresa Cespedes)