Por Mitra Taj
LIMA (Reuters) - O Peru colocou o ex-presidente Alejandro Toledo em sua lista de criminosos mais procurados nesta sexta-feira depois que um juiz emitiu uma mandado internacional devido às alegações de que ele recebeu 20 milhões de dólares em propinas da empreiteira brasileira Odebrecht.
O Ministério do Interior ofereceu o equivalente a 30 mil dólares por qualquer informação que leve à sua captura e pediu à Interpol para emitir um alerta vermelho rapidamente para ajudar a localizá-lo.
"Qualquer pessoa do mundo que puder nos ajudar a encontrá-lo pode reivindicar a recompensa", disse o ministro do Interior peruano, Carlos Basombrio, à rede de televisão local Canal N.
"O Peru não merece ver outro presidente fugir da justiça", acrescentou Basombrio.
Toledo chegou ao poder denunciando a corrupção generalizada no governo de seu antecessor, Alberto Fujimori, que fugiu para o Japão em meio a um escândalo de corrupção de grande repercussão em 2000. Fujimori está cumprindo uma pena de 25 anos de prisão no Peru por corrupção e abusos de direitos humanos cometidos durante uma década de autoritarismo no comando do país.
Toledo não foi condenado por nenhum crime, mas na quinta-feira um juiz determinou que os indícios descobertos até o momento justificam prendê-lo por até 18 meses enquanto acusações de tráfico de influência e lavagem de dinheiro são preparadas contra ele.
O ex-mandatário negou qualquer ilegalidade, e seu último paradeiro conhecido foi a França, que tem um tratado de extradição com Lima.
O advogado de Toledo, Heriberto Benítez, negou que seu cliente esteja foragido e disse à Reuters que estava esperando os resultados de um recurso. Benítez se recusou a dizer onde está Toledo, citando um acordo de confidencialidade entre ambos.
Depois da decisão do juiz, tomada no final de quinta-feira, Benítez disse que iria recomendar a Toledo que não volte ao Peru por causa do sistema de justiça, que classificou de "vingativo".
A ministra da Justiça, Marisol Perez Tello, garantiu que Toledo terá um julgamento justo.
Alguns peruanos vêm especulando que Toledo pode ter viajado para Israel, onde se acredita que um amigo de longa data, o empresário israelense Yosef Maiman, mora.
Israel não assinou um tratado de extradição com o Peru.
Os procuradores alegam que Toledo fez um pacto com a Odebrecht para ajudar a construtora a obter dois contratos de rodovia lucrativos em troca de subornos, que pediu para serem depositados em contas de empresas em paraísos fiscais controladas por Maiman. Cerca de 10 milhões de dólares em transferências da Odebrecht para as companhias de Maiman foram localizados.
Maiman não respondeu a pedidos de comentários.