(Reuters) - A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira 23 mandados de busca e apreensão em dependências da Receita Federal e da Casa Moeda, além da sede da empresa Sicpa Brasil Indústria de Tintas e Sistemas, como parte de investigação sobre suspeita de pagamento de 100 milhões de reais em propina para funcionários dos órgãos públicos.
A chamada operação Vícios, realizada com apoio da Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda, apura suspeita de que funcionários da Casa da Moeda estariam tentando direcionar procedimento licitatório para a recontratação da Sicpa como prestadora de serviços, em um contrato com faturamento de 6 bilhões de reais nos últimos seis anos, de acordo com nota do Ministério da Fazenda.
"Até o momento, existem indícios de que cerca de 100 milhões de reais tenham sido pagos em propina para servidores da Receita Federal e empregados da Casa da Moeda", informou o ministério no comunicado.
O acordo investigado é relacionado ao Sistema de Controle da Produção de Bebidas (Sicobe), que prevê a instalação nas linhas de produção de bebidas frias (cervejas, refrigerantes, sucos, águas minerais e outras) de equipamentos contadores de produção, bem como de sistema para o controle, registro, gravação e transmissão dos quantitativos medidos à Receita Federal, para fins de tributação, segundo o ministério.
Em nota, a Casa da Moeda informou que o atual presidente do órgão, Francisco Franco, acionou a controladoria interna da empresa e encaminhou o caso à Polícia Federal após identificar suspeita de irregularidade na forma de contratação da prestação de serviço do Sicobe.
"Desde que a Polícia Federal foi acionada, há dois anos, a direção da Casa da Moeda tem colaborado com as investigações. A direção ressalta ainda que todos os empregados envolvidos no caso serão exonerados dos cargos e, se comprovada na Justiça a sua participação, serão demitidos", disse a Casa da Moda.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
"A primeira etapa dessa investigação inclui associação criminosa, fraude a licitação e corrupção. Numa segunda etapa, vai ser investigada a possível prática do crime de lavagem de dinheiro envolvendo outros países, e há indícios de uso dessa prática de envio de dinheiro para contas no exterior", disse a jornalistas o delegado da PF, Tássio Muzzi, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)