Por Jack Hunter
PARIS (Reuters) - Durante décadas os artistas de Montmartre maravilharam os visitantes com seus retratos rápidos, pinturas de cenas parisienses e caricaturas.
Mas agora os pintores estão ameaçando recolher seus cavaletes e mudar para outros locais da capital francesa, acusando os donos de restaurantes de invadirem seu espaço.
"Está muito difícil pintar agora, está quase impossível", disse o pintor Midani M’Barki, de 70 anos. "Agora estamos trabalhando na sarjeta. É normal artistas serem postos na sarjeta?"
Os pintores de rua --entre os quais estiveram o artista franco-holandês Kees van Dongen e o espanhol Pablo Picasso-- são um destaque do bairro desde o final do século 19.
Cerca de 300 artistas dividem cerca de 140 lotes de 1 metro quadrado na Place du Tertre, situada em um ponto alto de Paris e próxima da Sacre Coeur.
Mas nos últimos anos eles vêm sendo espremidos por bistrôs e terraços de cafés, além das levas de turistas que lotam a praça nos meses de verão.
"O cavalete por si só não cabe em 1 metro quadrado", lamentou o pintor Kinga Zakrzfeska, de 45 anos. "E com todo o nosso equipamento --cadeiras, tinta-- 1 metro só é insuficiente."
No mês passado os artistas guardaram os pincéis e protestaram diante da prefeitura local contra um novo projeto que disseram ter levador as cadeiras dos restaurantes a ocuparem 80 por cento da praça.
M'Barki, que pinta ali há quase 50 anos, disse que agora seus colegas estão cogitando se mudar.
"Se continuar assim, iremos para outra praça colina abaixo", disse.
Ninguém estava disponível na administração do 19º distrito para comentar as queixas dos artistas.
Outros pintores afirmaram que o conselho está ignorando os problemas dos pintores de olho no lucro dos restaurantes.
"Esta praça não é renomada por sua cozinha extraordinária, mas por suas pinturas, historicamente. Os turistas vêm aqui ver as pinturas", disse Yola Marie-Jolan, de 55 anos.