Por Robin Pomeroy
LONDRES (Reuters) - O diretor dinamarquês Lars Von Trier apresentará um filme no Festival Internacional de Cinema de Cannes no mês que vem pela primeira vez desde que foi expulso do evento sete anos atrás por dizer que era um nazista que simpatizava com Adolf Hitler.
O festival confirmou nesta quinta-feira que Von Trier exibirá seu filme de assassino serial "The House That Jack Built", que marcará a volta do antes prestigiado representante do cinema de arte que se tornou persona non grata depois dos comentários que fez em Cannes em 2011.
Em uma coletiva de imprensa hoje notória após a exibição de "Melancolia", Von Trier divagou sobre desejar ser judeu e descobrir que na verdade era "nazista, porque minha família é alemã".
Enquanto a protagonista do filme, Kirsten Dunst, demonstrava constrangimento ao seu lado, ele prosseguiu: "Entendo Hitler... e me solidarizo com ele um pouco, sim... eu, é claro, sou muito a favor dos judeus. Não, não muito porque Israel é um pé no saco..."
Von Trier foi proibido de comparecer ao restante do festival, no qual Kirsten foi premiada como melhor atriz por "Melancolia", retrato sombrio de uma colisão cósmica que destrói toda a vida.
O diretor se desculpou por seus comentários e mais tarde disse à Reuters: "Penso que estou conversando com meus amigos no café e de repente descubro, claro, que estou falando com o mundo, que não está achando graça".
Indagado à época se voltaria a Cannes, Von Trier, que conquistou o principal prêmio do festival em 2000 por "Dançando no Escuro", respondeu: "Não sei se poderei entrar no Palais (centro do festival) novamente. Talvez Cannes tenha me expulsado por ser um tanto rebelde".
"The House That Jack Built", estrelado por Uma Thurman e Matt Dillon, será exibido fora da competição no festival, que vai de 8 a 19 de maio.