Por Shivam Patel e Sudipto Ganguly
NOVA DÉLHI (Reuters) - Estudantes foram detidos pela polícia de Nova Délhi, nesta quarta-feira, enquanto se reuniam para assistir a um documentário recente da BBC sobre o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que a Índia rejeitou como propaganda e vetou sua transmissão e compartilhamento nas redes sociais.
O episódio acontece após distúrbios semelhantes em reuniões de estudantes nesta semana, algumas das quais se tornaram violentas, para assistir ao documentário que questiona a liderança de Modi durante tumultos violentos duas décadas atrás, enquanto seus adversários levantam questões sobre a censura do governo.
Modi, que almeja um terceiro mandato nas eleições do ano que vem, era o ministro-chefe de Gujarat em fevereiro de 2002, quando uma multidão muçulmana ateou fogo a um trem que transportava peregrinos hindus, iniciando um dos piores surtos de derramamento de sangue por motivos religiosos na história da Índia independente.
Em ataques de represália em todo o Estado, pelo menos 1.000 pessoas foram mortas, a maioria formada por muçulmanos, enquanto multidões percorriam as ruas durante dias buscando integrantes do grupo minoritário. Ativistas estimam o número de vítimas em cerca de 2.500, mais do que o dobro da cifra oficial.
O governo disse que o documentário da BBC "India: The Modi Question", lançado na semana passada, é uma "peça de propaganda" tendenciosa e bloqueou o compartilhamento de qualquer clipe dele nas redes sociais.
A Federação dos Estudantes da Índia (SFI) disse na quarta-feira que planeja exibir o documentário em todos os estados indianos.
"Eles não vão parar a voz da dissidência", disse Mayukh Biswas, secretário-geral do SFI, a ala estudantil do Partido Comunista da Índia (marxista).
Antes de uma dessas exibições na universidade Jamia Millia Islamia, em Delhi, 13 estudantes foram detidos em meio a uma forte mobilização policial. A universidade culpou os alunos por criarem uma "confusão na rua" e disse que eles não tinham permissão para realizar o evento, disse a polícia.
(Reportagem de Shivam Patel, em Nova Délhi, e Sudipto Ganguly, em Mumbai; reportagem adicional de Krishn Kaushik)