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Polícia de Mianmar intensifica prisões, com protestos anti-golpe crescendo

Publicado 05.02.2021, 11:49
Atualizado 05.02.2021, 11:51
© Reuters. Posto de controle montado por militares no caminho para o complexo do Congress de Mianmar em Naypyitaw

(Reuters) - A polícia de Mianmar prendeu nesta sexta-feira outro assessor importante da líder deposta Aung San Suu Kyi, e a imprensa afirmou que pelo menos 30 pessoas foram detidas por protestos batendo panelas contra um golpe militar, no momento em que demonstrações de raiva ganham força.

A pressão internacional sobre a junta militar também está crescendo, com o Conselho de Segurança da ONU pedindo a liberdade de Suu Kyi e outros líderes, e o presidente norte-americano Joe Biden considerando sanções contra os que tomaram o poder.

A mais recente detenção de uma figura proeminente foi Win Htein, 79 anos, corajoso assessor de Suu Kyi que foi várias vezes preso durante décadas de luta contra juntas militares anteriores que levaram à instável transição à democracia que começou em 2011.

"Temos sido continuamente mal tratados há muito tempo", disse à Reuters, por telefone, enquanto era levado pela polícia. "Eu nunca tive medo deles porque eu nunca fiz nada errado na minha vida."

A Reuters não foi capaz de entrar em contato com a polícia para comentários sobre sua prisão ou quais são as acusações contra ele.

Em Mandalay, segunda cidade do Mianmar, 30 pessoas foram detidas por protestos batendo panela que foram realizados nas últimas três noites contra o golpe de segunda-feira, segundo a imprensa.

A Eleven Media citou Maung Maung Are, vice-líder das forças policiais da região dizendo que eles foram acusados de quebrar as leis contra "barulho em vias públicas". Um adolescente estava entre os detidos em outros locais pelos protestos barulhentos.

Não tem havido uma inundação de pessoas nas ruas em um país com uma história sangrenta de repressão contra protestos, mas houve sinais de adversários do golpe ficando mais corajosos - com dúzias de jovens marchando em Dawei, no sudeste do país.

"APOIAR O PROCESSO DEMOCRÁTICO"

O chefe do Exército, Min Aung Hlaing, assumiu o poder alegando irregularidades na eleição de novembro que Suu Kyi venceu por ampla margem. A comissão eleitoral disse que a votação foi justa.

O Conselho de Segurança da ONU, com 15 membros, emitiu um comunicado na quinta-feira, sublinhando a "necessidade de apoiar instituições e processos democráticos, evitar a violência, e respeitar completamente os direitos humanos, liberdades fundamentais e o Estado de Direito".

A linguagem no comunicado, no entanto, não menciona um golpe - aparentemente para ganhar apoio da China e da Rússia, que tradicionalmente se colocam ao lado do Mianmar. Os dois países têm laços com o Exército, e a China tem muitos interesses econômicos em seu vizinho.

"ELEIÇÕES CONFIÁVEIS"

Biden afirmou que os Estados Unidos estavam trabalhando com aliados e parceiros para lidar com a tomada de poder dos generais.

"Não pode haver dúvidas que uma força democrática nunca pode anular a vontade do povo ou tentar apagar os resultados de uma eleição confiável", disse.

© Reuters. Posto de controle montado por militares no caminho para o complexo do Congress de Mianmar em Naypyitaw

Suu Kyi passou 15 anos sob prisão domiciliar entre 1989 e 2010 por lutar pela democracia em um país sob o comando dos militares durante a maior parte das últimas seis décadas.

Ela permanece muito popular no Mianmar, apesar de danos à sua reputação internacional devido à situação dos refugiados muçulmanos Rohingya.

(Reportagem da equipe da Reuters)

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