Por Clotaire Achi e John Irish
PARIS (Reuters) - A polícia francesa usou gás lacrimogêneo para repelir manifestantes mascarados no centro de Paris nesta quarta-feira, quando milhares de pessoas aproveitaram uma marcha anual do Dia do Trabalho para protestar contra as políticas do presidente Emmanuel Macron.
Sindicatos de trabalhadores e manifestantes "coletes amarelos" foram às ruas de todo o país dias após Macron responder a meses de protestos de rua, com cortes de impostos de cerca de 5 bilhões de euros.
Um jornalista da Reuters viu um batalhão de choque usar gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de manifestantes mascarados e encapuzados na dianteira da marcha tradicional do 1o de Maio realizada pelos sindicalistas em Paris.
Alguns manifestantes que usavam capuzes ou coletes amarelos reagiram lançando projéteis contra a polícia. Imagens de televisão mostraram uma van com os vidros quebrados. Várias pessoas ficaram ligeiramente feridas.
A marcha principal, que cruzava a parte sul da capital, conseguiu avançar em meio a uma calma relativa, mas parecia que os coletes amarelos e elementos mais radicais estavam dominando o protesto, e não os sindicatos de trabalhadores. O sindicato de extrema-esquerda CGT denunciou a violência policial.
"Uma repressão inédita e indiscriminada ocorreu depois de atos de violência de algumas partes", disse o sindicato em comunicado. A entidade disse que membros como o secretário-geral da CGT foram atingidos pelo gás lacrimogêneo. "Este cenário escandaloso e inédito, é inaceitável em nossa democracia".
Um fotógrafo da Reuters viu vários manifestantes mascarados tirando as vestes para se misturar à multidão.
Na terça-feira, a polícia francesa alertou que poderia haver choques com grupos anarquistas de extrema-esquerda, conhecidos como black blocs, depois do surgimento de clamores para que radicais fossem às ruas em redes sociais.
Autoridades disseram acreditar que cerca de dois mil black blocs da França e de toda a Europa apareceriam nos arredores das marchas tradicionais do Dia do Trabalho.
Cerca de 7.400 policiais foram mobilizados em Paris e fizeram cerca de 200 prisões.
As manifestações dos coletes amarelos, assim chamados por usarem os coletes de segurança de motoristas, começarem em novembro em reação a aumentos nos preços dos combustíveis, mas se tornaram uma rebelião às vezes violenta contra políticos.