Por Elizabeth Howcroft
LONDRES (Reuters) - Políticos britânicos fecharam os olhos aos abusos sexuais de crianças e encobriram acusações ativamente ao longo de décadas, mostrou nesta terça-feira uma investigação independente sobre crimes sexuais históricos em Westminster.
O inquérito não encontrou evidências de uma rede organizada de pedófilos em sua avaliação do período, entre as décadas de 1960 e 1990. Mas o relatório constatou que "houve falhas significativas por parte das instituições de Westminster em suas respostas às alegações de abuso sexual infantil".
"Isso incluiu a falha em reconhecer, fechar os olhos, proteger e blindar ativamente os abusadores sexuais de crianças e encobrir as alegações", de acordo com resumo do relatório.
O relatório de 173 páginas revelou que vários membros do Parlamento nas décadas de 1970 e 1980, incluindo Peter Morrison e Cyril Smith, eram "conhecidos ou alvos de rumor de serem ativos em seu interesse sexual por crianças e estavam protegidos de processo de várias maneiras" pela polícia, promotores e partidos políticos.
Peter Morrison era secretário particular de Margaret Thatcher, a primeira-ministra britânica da época.
Morrison e Smith receberam o título de cavaleiro - um sistema de honraria britânico que concede o título de "Sir".
A investigação constatou que cerca de 30 instâncias de homenagens a pessoas foram confiscadas depois que elas foram condenadas por crimes envolvendo abuso sexual.
Margaret Thatcher defendeu o título de Jimmy Savile, concedido em 1990, apesar das revelações na mídia sobre abuso sexual de crianças pelo apresentador de TV, disse o relatório.
A secretária do Interior, Priti Patel, saudou a "força e coragem" das vítimas que testemunharam durante o inquérito.
"O governo revisará este relatório e considerará como responder ao seu conteúdo no devido tempo", afirmou ela em comunicado.
O inquérito independente sobre abuso sexual infantil (IICSA) - do qual a investigação de Westminster é uma vertente - é um dos maiores e mais caros já realizados no Reino Unido. Começou em 2017 e deve levar cinco anos para ser concluído.