Por Matthias Blamont e Cyril Camu
PARIS (Reuters) - A polícia da França retirou nesta sexta-feira milhares de imigrantes de um campo ilegal do nordeste de Paris, onde o número de ocupantes disparou após o fechamento do imenso campo da cidade portuária de Calais, conhecido como "Selva", na semana passada.
Os policiais chegaram ao amanhecer. Eles disseram mais tarde que 3.852 imigrantes foram realocados, muitos deles para locais esportivos ou outras instalações públicas antes de serem transferidos para centros de acolhimento, sob pendência de triagem de seus pedidos de asilo.
"Está terminado", disse um porta-voz da prefeitura de Paris, sobre uma operação que durou quatro ou cinco horas, depois que caminhões de lixo e limpadores de rua entraram para limpar tendas, colchões e lixo.
O governo socialista ordenou a operação dias após a desativação do campo de Calais, maior e localizado no litoral norte.
Cerca de 600 policiais foram deslocados para a operação pacífica em Paris, após um tenso confronto com os imigrantes no mesmo local na segunda-feira, durante uma ação de autoridades para realizar verificações de identidade.
O número de imigrantes que dormiam em pequenas barracas perto da estação de metrô Stalingrad, em Paris, havia disparado nos últimos dias.
Alguns dos primeiros ônibus partiram em meio a aplausos e, em alguns casos, gritos de solidariedade.
"Sim, vou no ônibus porque confio nesse procedimento, porque já o vi antes", disse à Reuters o nigeriano Emmanuel Omorodion, de 22 anos.
"Acho que agora é uma chance de conseguir uma casa. Eu passei um mês em Calais, vim aqui, dois meses nas ruas, terrível, então eu espero que isso seja muito bom."
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, disse que as autoridades da cidade vão abrigar várias centenas de mulheres e crianças vulneráveis, já que dois novos acampamentos temporários estão sendo construídos nos arredores da cidade.
Uma porta-voz da prefeitura parisiense afirmou que os imigrantes --muitos saídos de países assolados por guerras, como Afeganistão e Sudão-- seriam transferidos para centros de acolhimento dentro e nos arredores da capital francesa.