PARIS (Reuters) - Um automóvel em nome de uma pessoa na lista de suspeitos de radicalização religiosa dos serviços de inteligência da França foi descoberto perto da catedral de Notre-Dame, em Paris, na noite de sábado, com sete cilindros de gás em seu interior, informaram a polícia e autoridades do judiciário na quarta-feira.
O dono do automóvel foi posto sob custódia e libertado mais tarde, disse um funcionário do judiciário. Um casal, de 34 e 29 anos, foi preso no acostamento de uma rodovia na terça-feira no sul da França em conexão com o incidente e continua sob custódia, afirmou o funcionário.
O Peugeot 607, que não tinha placas, carregava sete cilindros de gás, um deles vazio no assento de passageiro, disseram dois policiais. O veículo foi encontrado com as luzes de emergência ligadas, como se para chamar atenção, informaram.
O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, disse estar aguardando um relatório dos investigadores sobre os motivos possíveis para o incidente.
Não havia nenhum dispositivo de detonação no carro, localizado no Quai de Montebello, uma rua que margeia o rio Sena e está situada a alguns metros de Notre-Dame, uma das atrações turísticas mais populares da capital francesa.
Documentos com escritos em árabe também foram encontrados no carro.
Mais de 200 pessoas morreram em ataques no último ano e meio na França, que continua em alerta máximo devido ao clamor do Estado Islâmico para que seus seguidores ataquem o país, que está bombardeando as bases do grupo militante no Iraque e na Síria.
Florence Berthout, prefeita do quinto distrito de Paris, disse que o incidente ressaltou a necessidade de se intensificar a segurança e colocar mais policiais em patrulha em uma das cidades mais visitadas do mundo.
Ela contou que o veículo foi deixado em uma área onde o estacionamento é estritamente proibido e que permaneceu no local por cerca de duas horas antes de atrair a atenção da polícia.
"Os contingentes da polícia e do Exército preciso ser reforçados", afirmou ela ao canal de televisão BFM.
Milhares de policiais e soldados adicionais vêm sendo acionados para patrulhar locais de risco em toda a França desde que 130 pessoas foram mortas por atiradores e homens-bomba islâmicos em ataques múltiplos em Paris no dia 13 de novembro do ano passado.
O estado de emergência adotado na ocasião ainda está em vigor e dá à polícia poderes excepcionais para fazer buscas e prisões, mas os debates a respeito da segurança ainda são intensos na esteira de outro atentado em 14 de julho no qual um homem matou 86 pessoas em Nice com um caminhão.
(Por Emmanuel Jarry, Simon Carraud e Brian Love)