Por Justyna Pawlak
VARSÓVIA (Reuters) - O novo governo conservador da Polônia acredita que o país enfrenta um problema de imagem no exterior e quer que Hollywood produza um equivalente polonês de "Coração Valente" ou "Pearl Harbor" para divulgar o papel positivo da nação na história.
O governo acredita que um grande filme faria a Polônia sentir orgulho de suas conquistas e angariar mais respeito na arena global, em um momento no qual muitos cidadãos estão passando por dificuldades econômicas.
Críticos afirmam que o governo quer explorar o ímpeto nacionalista crescente para fortalecer sua popularidade e desviar a atenção do público dos problemas econômicos.
Mas, ao enfatizar o nacionalismo, os governantes também correm o risco de aumentar a xenofobia em uma época na qual a Europa se vê às voltas com um enorme influxo de refugiados do Oriente Médio.
"Não há filme internacionalmente reconhecido sobre a história polonesa. Lamento isso", disse o ministro da Cultura, Piotr Glinski, à Reuters em uma entrevista.
"Por que isso é importante? Toda comunidade precisa de algo que a una... de forma a ganhar força e vencer, ou antes não perder, no palco mundial. Econômica e politicamente", afirmou.
O Lei e Justiça (Pis, na sigla em polonês), partido eurocético de Glinski, venceu a eleição de outubro prometendo mais igualdade econômica e uma reação nacionalista à influência crescente de Bruxelas, sede da União Europeia.
Desde então, o PiS anunciou planos para uma grande campanha de relações públicas em casa e no exterior, incluindo a possível empreitada cinematográfica, assim como uma iniciativa para fazer escolas, teatros e canais públicos de televisão divulgarem mais temas patrióticos.
Glinski, que é o membro mais antigo do gabinete depois da primeira-ministra polonesa, Beata Szydlo, disse que o filme poderia, por exemplo, contar a história da batalha de Viena de 1683 ou a batalha de Monte Cassino de 1944, a última destas uma das mais duras da Segunda Guerra Mundial.
Em Viena, os poloneses ajudaram a derrotar os turcos, o que marcou o fim da expansão do Império Otomano na Europa.
"Quase toda história de guerra sobre um soldado polonês é um roteiro pronto", afirmou Glinski. O filme "contaria ao mundo quem protegeu nossa civilização".
O ministro declarou que o objetivo é uma produção "do nível de Hollywood" e que o governo tem feito contato com produtores em potencial, embora não tenha dito quem são.
(Reportagem adicional de Pawel Sobczak, Wiktor Szary e Jan Pytalski)