Por Simon Johnson
ROVANIEMI, Finlândia (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse nesta segunda-feira que a Rússia está se comportando agressivamente no Ártico e que as ações da China também precisam ser observadas atentamente, em meio a divisões crescentes no tocante ao aquecimento global e ao acesso a minerais da região.
Em visita ao norte da Finlândia para um encontro de nações com territórios no Ártico, Pompeo disse que a China parece ter objetivos de segurança nacional na região e que as atividades russas, incluindo planos para novos canais de navegação da Ásia para o norte da Europa, merecem um olhar mais atento.
"Os Estados Unidos e as nações do Ártico acolhem investimentos chineses transparentes que refletem interesses econômicos, não ambições de segurança nacional", disse Pompeo em um discurso.
Países vêm se empenhando em reivindicar territórios ou, como a China, intensificar sua presença na região, onde o degelo cria a possibilidade de se explorar grande parte do que resta das reservas mundiais ainda não descobertas de petróleo e gás, além de grandes depósitos de minerais como zinco, ferro e metais raros.
Pompeo disse que todos são bem-vindos para compartilhar a riqueza do Ártico, mas questionou as intenções de Rússia e China, que vêm fortalecendo sua presença na área.
"O Pentágono alertou ainda na semana passada que a China poderia usar sua presença para pesquisas civis no Ártico para fortalecer sua presença militar, inclusive enviando submarinos à região para dissuadirem de ataques nucleares", disse ele aos delegados na conferência em Rovaniemi, na Finlândia.
"Precisamos observar estas atividades atentamente, e ter em mente a experiência de outros nações. O padrão de comportamento agressivo da China em outras partes informará como ela trata o Ártico".
A Rússia também reforça sua presença, reabrindo bases militares fechadas depois da Guerra Fria e modernizando sua poderosa Frota Norte para salvaguardar seus interesses.
O Conselho do Ártico é composto por EUA, Canadá, Rússia, Finlândia, Noruega, Dinamarca e Islândia. As populações nativas da região também estão representadas.
Questões militares estão fora da alçada do Conselho do Ártico, mas os participantes já se chocaram -- o jornal Washington Post noticiou que os EUA se recusaram a assinar uma declaração final por discordarem do palavreado sobre a mudança climática.
(Por Simon Johnson, em Rovaniemi, e Lesley Wroughton, em Washington; Reportagem adicional de Timothy Gardner, em Washington; Andrew Osborne, em Moscou; e Anne Kauranen, em Helsinque)