Por Patricia Zengerle e Daphne Psaledakis
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse nesta quinta-feira que "a maré está virando" na relação dos Estados Unidos com a China e que existe apoio internacional para as políticas de seu país, como a intensificação das manobras marítimas no Mar do Sul da China e a oposição ao uso de tecnologia chinesa nas redes mundiais 5G.
Como reflexo das tensões crescentes entre Washington e Pequim, Pompeo adotou uma linha dura contra a China durante um depoimento ao Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA.
"Vemos o Partido Comunista chinês como ele é: a ameaça central de nossos tempos", disse Pompeo.
Nos últimos dias, Washington e Pequim fecharam consulados respectivos --os EUA o da China em Houston, e a China o norte-americano em Chengdu--, e recentemente Pompeo anunciou o fim do status comercial especial de Hong Kong.
"Fechamos o consulado de Houston porque era um antro de espiões", afirmou.
Ele não quis tratar diretamente das reportagens segundo as quais a Rússia ofereceu recompensas pelo assassinato de soldados dos EUA no Afeganistão. "As devidas pessoas estão cientes de qualquer ameaça a nossos soldados em ação no Afeganistão", disse ele em resposta a uma pergunta do senador Bob Menendez, o democrata mais graduado do comitê.
Pompeo depôs publicamente em uma audiência do Comitê de Relações Exteriores do Senado pela primeira vez em 15 meses e debateu o pedido de orçamento anual do Departamento de Estado.
O governo do presidente Donald Trump vem tentando reduzir este orçamento desde que ele tomou posse, o que o Congresso tem rejeitado todos os anos. Parlamentares democratas disseram à audiência que tampouco apoiarão cortes profundos neste ano.
Na semana passada, os democratas do comitê divulgaram um relatório que criticou duramente o período de Pompeo no cargo, dizendo que ele prejudicou a capacidade do departamento para conduzir a diplomacia deixando postos desocupados durante meses, tratando mal diplomatas de carreira e incentivando uma cultura de retaliação.
Parlamentares também perguntaram ao secretário a razão de Trump ter demitido abruptamente Steve Linick, o inspetor-geral do departamento, em maio enquanto ele investigava vendas de armas à Arábia Saudita e alegações de que o próprio Pompeo ordenou indevidamente que um subordinado pago pelos contribuintes se encarregasse de tarefas pessoais.
Pompeo negou irregularidades, repetindo afirmações anteriores de que Linick vazou informações indevidamente.