(Reuters) - A Rússia vê Kamala Harris, candidata presidencial democrata dos Estados Unidos, como uma oponente mais previsível do que o republicano Donald Trump, embora, em qualquer caso, não haja perspectiva de melhora nas relações com Washington, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Em uma entrevista a Pavel Zarubin, um repórter de TV com acesso privilegiado ao Kremlin, Peskov também pareceu desdenhoso da declaração de Trump de que ele poderia acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas se os eleitores norte-americanos o devolvessem à Casa Branca.
Antes de Joe Biden anunciar sua retirada da eleição de novembro e dar seu apoio a Harris, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscou preferia Biden a Trump, descrevendo o primeiro como um político experiente do tipo "velha guarda".
Com Biden fora da disputa, Zarubin perguntou a Peskov, rindo: "então quem é nosso candidato agora?"
Peskov, também rindo, respondeu: "não temos candidato. Mas, é claro, os democratas são mais previsíveis. E o que Putin disse sobre a previsibilidade de Biden se aplica a quase todos os democratas, incluindo a Sra. Harris."
Ao declarar que a eleição era um assunto interno dos EUA, Putin e Peskov ofereceram uma variedade de opiniões em momentos diferentes. Em fevereiro, por exemplo, Putin elogiou Biden por sua previsibilidade, mas também discutiu o tópico sensível de sua aptidão mental para o cargo.
Em junho, ele disse que a Rússia não se importava com quem seria o próximo presidente dos EUA, mas que o sistema judicial dos EUA estava claramente sendo usado em uma batalha política contra Trump.
Peskov, na entrevista publicada neste domingo, disse que as medidas dos EUA para "pisar nos interesses do nosso país" excederam os limites aceitáveis. As relações bilaterais estavam em um ponto historicamente baixo, sem "nenhuma perspectiva" no momento de colocá-las em um caminho para a recuperação.
O porta-voz do Kremlin disse que não há uma "varinha mágica" para resolver a crise na Ucrânia da noite para o dia, da maneira que Trump prometeu.
Ele disse que era "fantasia" imaginar que o próximo presidente dos EUA anunciaria em seu discurso de posse que Washington estava suspendendo a ajuda militar à Ucrânia e pedindo negociações de paz, e que isso mudaria a mentalidade em Kiev.